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B3 reage a possível concorrente e baixa tarifas; ações disparam mais de 5% e puxam Ibovespa
Nova política de preços visa atrair o investidor pessoa física para o mercado de ações e seria uma resposta à eventual criação de uma nova Bolsa no Brasil
A B3 (B3SA3) anunciou nesta quinta-feira (2) um novo modelo de tarifação do mercado de ações, uma reação a um possível concorrente e uma iniciativa para atrair o pequeno investidor para a Bolsa. O anúncio de tarifas mais baixas agradou o mercado. As ações da B3 dispararam e puxam o Ibovespa, índice de referência da B3. Pela 11h45, os papéis subiam 5,50% para R$ 45. O Ibovespa negocia nos 117.564 pontos, uma alta de 1,66%.
Entre outras novidades, a taxa mensal de manutenção de conta, que hoje chega a cerca de R$110 ao ano, deve ser zerada e a tarifa cobrada na negociação de ações também vai cair cerca de 10% para as pessoas físicas em geral, ficando em R$ 6.
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A empresa diz que a expectativa é que as mudanças sejam implementadas ao longo do ano, “de acordo com a capacidade do mercado de adaptar seus sistemas e processos para a nova tarifação”.
Segundo a B3, clientes que tiverem até R$ 20 mil de saldo em custódia em uma mesma corretora serão isentos das demais taxas de manutenção de conta – como as cobranças sobre o pagamento de proventos e valor em custódia
O conjunto de medidas atinge cerca de 65% da base de investidores pessoa física que hoje têm saldo em contas de renda variável na B3. A medida representa uma redução de aproximadamente R$ 250 milhões nas tarifas pagas pelos clientes no ano, considerando os volumes negociados nos últimos 12 meses, segundo cálculos da própria B3.
A B3 diz que a redução de tarifas está alinhada à decisão de compartilhar, com os clientes e o mercado, os benefícios dos ganhos de escala do seu negócio.
Reação à ATS Brasil e captação de poupadores
A nova política de preços visa captar mais investidores locais para a Bolsa em meio à taxa básica de juros, a Selic, em patamares historicamente baixos, que favorece investimentos mais arriscados.
Em novembro de 2019, eram mais de 1,6 milhão investidores pessoas física ativos, o dobro do ano anterior. A alta de 31,58% em 2019 do Ibovespa foi sustentada pelos investidores brasileiros.
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Felipe Paiva, diretor de relacionamento com clientes da B3, havia dito que a intenção era atrair para a Bolsa os 19 milhões de brasileiros com mais de R$ 5 mil na poupança, investimento que está dando 3,15% ao ano, perdendo para a inflação.
A decisão também seria uma resposta à possível entrada de um concorrente. Na semana passada, a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) abriu uma audiência para criar as condições para entrada de uma nova Bolsa no Brasil.
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O anúncio seguiu a divulgação da B3 de que teria chegado a acordo sobre os valores do serviço de transferência de valores mobiliários. Segundo o Valor Econômico, a empresa interessada seria a Americas Trading System Brasil (ATS Brasil), o que não foi confirmada pela B3.
Fundada em 2010 por ex-executivos da corretora Ágora e pelo grupo Euronext NYSE (dona da Bolsa de Nova York), a ATS anunciou planos de criar uma plataforma eletrônica para concorrer com a B3, então BM&FBovespa.