Dicas Bárbaras
Preço alto? Saiba dar um toque de 1ª à carne de segunda e varie o cardápio
Veja dicas para gastar menos no orçamento doméstico em meio à disparada do preço da carne bovina
A disparada do preço da carne bovina, que chega a 30% nos açougues no último mês, tem feito a proteína, que é preferência no prato do brasileiro, virar artigo de luxo, já comparado ao sushi. Diante da alta, o consumidor deve esquecer a picanha, o filé mignon ou a alcatra. Para gastar menos no orçamento doméstico, deve se apostar em cortes mais baratos, que, com alguns truques, podem ser uma boa e saborosa opção.
A parte dianteira do bovino é onde estão as carnes mais desvalorizadas, conhecidas como “de segunda”, como acém, músculo, peito ou paleta, geralmente vistas como de baixa qualidade. Uma dica para escolher a melhor carne de segunda é optar pelas carnes vermelhas com gordura clara e, se tiver ossos, que sejam finos e brancos.
Para que as carnes de segunda fiquem mais macias, esprema um pedaço de abacaxi sobre a carne ainda crua, deixe por apenas 1 minuto e lave-a para tirar o excesso. Depois, tempere e prepare a carne normalmente.
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Lembrando que, quanto menores forem os pedaços de carne, mais fácil cozinhá-los e mais macios tendem a ficar. No caso do acém pode-se prepará-lo inteiro, de preferência em panela de pressão, e depois cortá-lo ou desfiá-lo.
Outras opções no cardápio
Não dá nem para comprar carne bovina de segunda? Então, a alterativa é variar o cardápio. Frango e carne de porco, que também estão mais caros mas ainda assim têm o preço do quilo mais em conta do que a carne de boi, são alternativas.
Em regiões litorâneas, alguns peixes e frutos do mar também podem sair mais em conta que a carne no atual cenário.
O ovo é o substituto mais direto da carne. As sugestões são omelete de batata frita, omelete de forno e fritada, que podem ser servido com verduras e legumes. Para substituir a proteína contida em um filé de carne de 100 gramas, será necessário ingerir três ovos para compensar.
Outros bons vegetais para fornecer proteínas são as leguminosas, como feijão, grão de bico e lentilha. O resultado pode ser ainda melhor se elas foram combinadas na mesma refeição.
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O feijão, porém, sofreu em 2019 uma alta no preço ainda maior do que da carne, segundo os dados do IPCA, a chamada inflação oficial. Até novembro, o preço da carne bovina, segundo o IPCA, subiu 14,43%, enquanto três variedades de feijão registraram altas maiores: feijão-branco (64,36%), feijão-carioca (42,88%) e feijão-fradinho (21,61%).
No açougue e no mercado, o consumidor tem percebido aumentos nos preços ainda maiores.
A dica é optar pela lentilha, que tende a ser mais barata. Se não der para substituir o feijão, reduza o consumo: opte por colocar mais caldo do que feijão no prato.
A soja é um dos substitutos mais populares da carne entre veganos e vegetarianos. Apesar de ser de origem vegetal, a soja também é uma fonte de proteína e pode ser opção agora que o preço da carne está nas alturas.
Aumento das exportações para China, dólar e entressafra
O preço da carne bovina, que segundo a Abras (Associação Brasileira de Supermercados), em menos de três meses, subiu 50%, reflete o cenário de baixa oferta de animais, devido à entressafra e à redução da produção por muitos pecuaristas, que vinham considerando a remuneração da atividade pouco atrativa, e sobretudo de alta das exportações para a China, que sofre com uma epidemia de peste suína africana que dizimou cerca de 40% de seu rebanho de porcos.
Com a carne suína mais cara, os chineses estão liberando mais frigoríficos brasileiros para exportar carne bovina para lá e a arroba do boi negociada na Bolsa brasileira vem subindo nos últimos tempos e não para de bater recordes.
Com a China, que elevou as compras de carne bovina do Brasil em 23,6% de janeiro a outubro, para cerca de 320 mil toneladas, o país exportou 11% mais no período, para 1,47 milhão de toneladas, de acordo com a associação da indústria Abrafrigo. Trata-se do maior volume da história para o acumulado de um ano corrente.
Além da forte demanda da China após novas habilitações de indústrias de bovinos pelos chineses –que passaram de 16 no início do ano para 40 unidades atualmente, segundo a Abrafrigo– um dólar em máximas históricas frente ao real também favorece as exportações. Há duas semanas, a moeda americana atingiu um recorde em R$ 4,259. Na sexta passada, a divisa teve um alívio e está em R$ 4,146.
Além da China, que passou a consumir mais outros tipos de carnes, após a disparada dos preços da carne suína, também a Arábia Saudita habilitou, neste mês, oito novas plantas brasileiras para exportarem carne bovina para lá.
Já a Coreia do Sul liberou mais frigoríficos do país a venderem carne no início do ano e a expectativa é de novas habilitações em 2020, após a visita que a ministra da Agricultura, Tereza Cristina, realizou, no fim de outubro, à Ásia.
Ou seja, com o aumento das vendas ao exterior, há menos carne para vender no Brasil, e com menos carne, e demanda alta, o preço sobe. É a famosa lei da oferta e da demanda.
O frango e o porco também estão mais caros, uma vez que também aumentaram suas exportações para a China, e com o preço da carne bovina mais alto, mais brasileiros passam a consumir os alimentos, e isso também puxa o preço das alternativas.
Até quando a carne vai ficar mais cara?
A tendência é que o preço da carne bovina aumente mais agora por conta das festas de Natal e de fim de ano, com o aumento da procura, e fique em patamares elevados até pelo menos o primeiro trimestre do ano que vem, segundo estima André Braz, analista de inflação da Fundação Getulio Vargas (FGV).
A partir de março, o preço deve começar a perder fôlego. “Acredito que não vai terminar 2020 como a grande vilã da inflação”, afirmou Braz.
O economista da FGV explica que as carnes (incluindo bovina, peixes, aves e suínos) representam um gasto de cerca de 3% da renda familiar do brasileiro.
“Fazendo uma comparação, pesa tanto quanto uma conta de luz. Pode pesar mais”, diz.
*Com BBC Brasil