Empresas e Negócios
Mercado de capitais financia um terço dos investimentos no país
Emissões de ações e debêntures bancaram 33,8% do que foi investido nos primeiros 9 meses de 2019, a maior fatia desde 2010 e 14,4 pontos acima do registrado em 2017, quando o BNDES começou a reduzir seus subsídios, segundo a Anbima; não sabe o que são debêntures? #ABabiresponde!
Um terço dos investimentos no Brasil em 2019 foi financiado por meio do mercados de capitais, segundo levantamento feito pela Anbima (Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais), a partir do relatório do PIB (Produto Interno Bruto, soma das riquezas produzidas em um país) divulgado nesta terça (3) pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
Os recursos levantados pelas empresas no mercado de capitais, com emissões ações e debêntures, somaram R$ 282 bilhões entre janeiro e setembro, 33,8% do total do investimento no país no período, que foi de R$ 833,8 bilhões.
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Trata-se da maior fatia do crédito privado no investimento desde 2010, quando o PIB subiu 7,5%; um ano antes, as emissões privadas bancaram 24,5% do investimento.
Em relação a 2017, quando se iniciou o processo de redução dos subsídios do BNDES (banco de fomento) às companhias privadas, o crescimento da participação das operações privadas foi de 14,4 pontos percentuais.
De acordo com a Anbima, as debêntures (veja o que são abaixo) são destaque em 2019. As emissões desse papel representam 15% dos investimentos do país, mantendo patamar atingido no ano anterior.
As ações ainda têm participação menor, com 7% entre IPOs (Ofertas Públicas Iniciais, quando uma empresa vende suas ações na Bolsa pela primeira vez) e follow-ons (emissão de novas ações para companhias que já estão cotadas na Bolsa).
“Ainda há um longo caminho a ser percorrido. A construção civil, por exemplo, está retomando suas atividades de forma mais sustentada, o que vai refletir em breve nos ativos com lastro neste segmento”, diz José Eduardo Laloni, vice-presidente da Anbima.
Segundo Laloni, “o ideal é que a taxa de investimento cresça em maior ritmo nos próximos anos. Com esse novo mix de política econômica, certamente o mercado de capitais acompanhará a trajetória”.
Não sabe o que são debêntures? #ABabiresponde!
As debêntures são aplicações em que você faz um empréstimo para uma empresa. A companhia entrega um título de dívida e em troca dos recursos paga um rendimento ao investidor.
Elas são aplicações de renda fixa mas têm várias características de renda variável, quando o ganho não é conhecido.
O modelo é parecido com os títulos públicos só que em vez de se emprestar dinheiro ao governo, você financia uma empresa privada.
Com o dinheiro levantado com as debêntures, a companhia pode financiar seus projetos ou gerenciar suas dívidas, podendo ser usado em novas instalações, para esticar o prazo da dívida, financiar o capital de giro.
O investidor que adquire debêntures (ou debenturista) ao disponibilizar recursos à empresa receberá em troca uma remuneração, que podem ser juros fixos ou variáveis, participação no lucro da empresa e prêmios, entre outros. No fim do vencimento do título, o investidor quer receber o dinheiro que aplicou mais o rendimento previamente combinado.
Ao adquirir as debêntures, o investidor não está virando sócio da companhia, como acontece com as ações. Na verdade, o debenturista está emprestando dinheiro para a companhia, que se compromete a devolver os valores emprestados e pagar juros pela operação, conforme prazos e condições combinadas antes.
Algumas debêntures são isentas de Imposto de Renda, como as incentivadas, emitidas por empresas do setor de infraestrutura.
As aplicações em debêntures incorrem em vários riscos. Há o risco da empresa quebrar e não conseguir nem pagar o dinheiro que você aplicou. As debêntures não contam com a garantia do Fundo Garantidor de Créditos (FGC), que protege os investidores contra falências garantindo o investimento até R$ 250 mil por CPF e por instituição financeira. Também o risco do papel valer menos, devido a oscilações de juros e inflação.
O ativo tem um prazo de vencimento, mas é possível vender a debênture de forma antecipada no chamado mercado secundário, mas seus preços são “marcados a mercado”, ou seja, variam de acordo com as expectativas do mercado. Assim, há o risco do papel perder valor.