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‘Travessura’ da China faz dólar subir e Ibovespa tombar

Incertezas sobre acordo comercial entre as duas maiores potências do mundo voltaram e arrasaram o humor do mercado neste Halloween

Bárbara Leite

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Neste Dia das Bruxas, mercado esperava um dia cheio de "doces", após cortes de juros e indicação de cautela do BC–Foto: Pixabay

(Publicada às 15h57; atualizada às 17h44)

O mercado não contava, mas a China pregou um susto logo de manhã, nesta quinta-feira (31), em que se comemora o Halloween, o famoso Dia das Bruxas. O dólar chegou a subir mais de 1% e o Ibovespa, índice de referência da Bolsa brasileira, chegou a despencar abaixo da marca dos 107 mil, depois de ter alcançado, na véspera, um novo recorde histórico.

No fechamento, a alta do dólar foi suavizada e a moeda terminou com avanço de 0,55% em R$ 4,009. Na máxima do dia, o dólar chegou aos R$ 4,035, com alta de 1,19%. Já o Ibovespa fechou nos 107.2019 pontos, com queda de 1,10%. Na véspera, o indicador fechou nos 108.407 pontos, um novo nível máximo de fechamento.

A “travessura” chinesa veio com a notícia da agência Bloomberg que o país está duvidando de um acordo comercial de longo prazo com os EUA, arrasando as expectativas de quem já via um fim para a guerra comercial, que se arrasta há 18 meses, e tem afetado o crescimento econômico do mundo inteiro.

Segundo a agência, autoridades chinesas alertaram que não mexerão nas questões mais espinhosas. Eles continuam preocupados com a natureza impulsiva do presidente americano Donald Trump e com o risco que ele pode recuar, mesmo no acordo parcial que os dois lados dizem querer assinar nas próximas semanas. Para o acordo mais abrangente avançar, a China exige que os EUA retirem as tarifas de cerca de US$ 360 bilhões em importações chineses– algo que muitas pessoas não vêem Trump disposto a fazer.

As pessoas familiarizadas com a posição da China, segundo a Bloomberg, disseram que as tarifas não precisam ser removidas imediatamente, mas devem fazer parte da próxima etapa.

Nem o “doce” inesperado de Trump acalmou o mercado. O presidente dos EUA disse que “a China e EUA estão trabalhando na seleção de um novo lugar para a assinatura da fase 1 do acordo comercial, cerca de 60% do negócio total, depois que cúpula no Chile foi cancelada”. Segundo o presidente, “o novo local será anunciado em breve. O presidente Xi e o presidente Trump farão a assinatura!”, escreveu.

O presidente chileno, Sebastian Pinera, anunciou nesta quarta-feira (30) que o país havia cancelado a cúpula de Cooperação Econômica Ásia-Pacífico de 16 a 17 de novembro – onde Trump e Xi Jinping, presidente chinês, esperavam se encontrar – por causa da agitação social no país.

Também ajudou a derrubar o humor dos mercados, a divulgação que o índice de atividade industrial (ISM) americano apresentou desaceleração forte para 43,2 pontos em outubro. A projeção era bem maior, de 48,5 pontos. Trata-se do nível mais baixo para o índice desde dezembro de 2015, sinalizando que a indústria segue sentido os efeitos da guerra comercial entre os EUA e a China.

Trump teve outra “surpresa” negativa neste Dia das Bruxas: a Câmara dos Deputados americana aprovou o rito do impeachment contra ele, que será um processo mais transparente, com audiências públicas. O presidente dos EUA é acusado pelos democratas de usar o cargo para perseguir um adversário político, após um telefonema feito, há três meses, ao presidente da Ucrânia, Volodmir Zelenski.

A suspeita é de que Trump teria bloqueado uma ajuda militar de US$ 391 milhões para pressionar o líder ucraniano a investigar o ex-vice-presidente Joe Biden, e candidato à Casa Branca para 2020, e seu filho, advogado de uma empresa ucraniana de energia.

O “susto” chinês anulou as expectativas quanto ao pregão desta quinta, após o Banco Central ter cortado a Selic em meio ponto para 5% ao ano nesta quarta e sinalizar que poderia parar os cortes das taxas de juros aqui ou reduzir o ritmo das reduções, indicação que anima, em tese, o mercado de câmbio, já que taxas menores aqui costumam afastar os investidores do país.

Por outro lado, as quedas da Selic são positivas para o mercado de ações porque “forçam” o investidor a tomar mais risco para tentar conseguir retornos mais elevados, à medida que os investimentos atrelados aos juros perdem rentabilidade.

Também o Fed (BC dos EUA) havia trazido boas notícias na véspera, dia em que anunciou o terceiro corte dos juros por lá e negou ter intenção de subir as taxas, apesar do cenário externo estar menos desafiador.

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