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Tensões no Chile puxam dólar e levam Ibovespa a cair 1,50%

Moeda americana voltou aos R$ 4,167 e índice do mercado de ações recuou para 106.751 pontos com escalada na instabilidade política nos países vizinhos da América Latina; fala de Trump “aliviou” um pouco a pressão sobre o câmbio

Bárbara Leite

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Em meio à onda de protestos, Chile tem greve geral e anúncio de que Constituição será mudada–Foto: Reprodução

O dia no mercado financeiro no Brasil foi de estresse com a instabilidade no Chile, que teve greve geral e anúncio do governo de mudança na Constituição, em meio à renúncia de Evo Morales da Presidência da Bolívia, que elevou a aversão a risco por ativos no mercado de ações e, em especial, da América Latina.

O dólar encerrou com alta 0,58% nos R$ 4,167, mas longe das máximas do dia, de R$ 4,187, patamar que não era alcançado desde 25 de setembro. Já o Ibovespa, índice de referência da Bolsa brasileira, terminou nos 106.751 pontos, com queda de 1,49%. Na mínima, o indicador chegou a cair 1,97%, aos 106.232,45 pontos, o menor nível intradiário desde 22 de outubro.

“Com a escalada das tensões no Chile, em dia de greve geral, o peso chileno estressou com força, subindo 5%, e contagiou o Peru, o México, o Brasil e a Colômbia. Foi um movimento de aversão ao risco. O dólar melhorou um pouco com a fala de Trump, que era muito aguardada. Mas quem roubou a cena foi o Chile. Sem esquecer da instabilidade em Hong Kong, tendo como pano de fundo o Evo Morales fugindo”, disse Pablo Spyer, diretor de operações da Mirae Asset e colunista do Economia Bárbara.

Lá fora, o contágio chileno foi pior na Colômbia, onde o dólar subiu 2,1%, e no México, com alta de 1,1%. Com incertezas, os investidores tendem a alocar recursos na moeda americana como proteção a risco, já que o dólar é um dos investimentos mais seguros do mundo. 

Fernando Bergallo, diretor de câmbio da FB Capital, vê o real “excessivamente depreciado nesses níveis” e acredita que “teremos uma virada logo mais”.

Greve geral e nova Constituição no Chile

A economia mais estável da América Latina, o Chile, vive uma onda de protestos desde há quatro semanas, que começaram contra o aumento da tarifa do metrô, entretanto revogada, e passaram a questionar a desigualdade social e o aumento do custo de vida, bem como a atual Constituição, herdada da ditadura de Augusto Pinochet (1973-1990).

Nesta terça (12), sindicatos chilenos fizeram uma greve geral para pressionar o governo a aprofundar as reformas sociais, como aumento do orçamento para a rede de saúde pública e alta no valor do salário mínimo.​ Até agora, os protestos, alguns com finais violentos, incluindo saques e incêndios, já mataram ao menos 20 pessoas.

A paralisação aconteceu depois que o presidente Sebastián Piñera anunciou o início do processo para mudar a Constituição, não com uma Assembleia Constituinte –como solicitado nas ruas–, mas de um Congresso Constituinte, cujos detalhes e composição ainda não estão definidos. Os protestantes querem que a Constituição inclua, entre outros itens, que o Estado deve oferecer saúde e educação como direitos.

Bolívia sem governo

A Bolívia, continuava sem governo após a renúncia de Evo Morales, neste domingo (10). O agora ex-presidente, que estava no poder desde 2006, pediu para sair após a Organização dos Estados Americanos (OEA) divulgar que as eleições de 20 de outubro haviam sido fraudadas, e em meio a pressões públicas para a sua saída pelas Forças Armadas, polícia e até sindicatos próximos ao governo.

Hong Kong

Protestos violentos com bloqueio de ruas e a forte repressão policial prosseguiram em Hong Kong, nesta terça, o segundo dia útil em que isso acontece. A polícia local fala que a violência está “à beira de um colapso total”.

Trump

O aguardado discurso do presidente dos EUA, Donald Trump, no Clube Econômico de Nova York, na tarde desta terça-feira (12), teve leitura mista. No discurso, marcado por ataques ao Fed (banco central americano), Trump disse que houve um progresso “tremendo” para a assinatura do acordo comercial “fase 1” com a China, mas admitiu que voltará a elevar as tarifas ao país asiático caso o acordo não seja concluído.

A guerra comercial com a China que se arrasta há mais de 18 meses vem desacelerando as duas economias e o resto do mundo.

Alcolumbre

No radar dos investidores esteve ainda a declaração do presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), sobre a possibilidade de realizar nova Assembleia Constituinte. A assessoria chegou a dizer que o senador estava sendo irônico, mas ele confirmou a afirmação.

A ideia foi lançada em meio à pressão para se votar uma PEC (Proposta de Emenda à Constituição) que prevê prisões após condenação em segunda instância, depois que o STF (Supremo Tribunal Federal) decidiu considerar inconstitucional a prisão dos réus sem estarem esgotados todos os recursos, que levou à libertação do ex-presidente Lula.

“A gente podia fazer uma nova Constituinte e todo mundo renunciava aos mandatos e fazia logo uma nova Constituinte. Se é essa a prioridade”, disse Alcolumbre.

*Com Folha.com

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