Seu Bolso
Senadores ameaçam adiar 2º turno da Previdência; dólar reage mas sobe pouco
Parlamentares estariam esperando governo honrar “compromissos” para votarem a proposta semana que vem; dados mais fracos dos EUA e Europa estiveram no radar dos investidores
A notícia, divulgada antes do fechamento do pregão, de que senadores da base do governo ameaçam parar a reforma da Previdência após a votação do primeiro turno da proposta no plenário do Senado, que deve ocorrer nesta terça-feira (1º), impactou o mercado de câmbio, mas pouco. O dólar fechou com leve alta de 0,17% para R$ 4,162 nesta terça-feira (1º).
Segundo o Broadcast/Estadção, a insatisfação é atribuída ao risco da divisão dos recursos do leilão do petróleo ser alterada na Câmara.
Já depois do fechamento do mercado, Rodrigo Maia (DEM-RJ), presidente da Câmara dos Deputados, veio tentar acalmar os senadores, dizendo que já há um entendimento construído na Casa que pode acelerar a tramitação da Proposta de Emenda à Constituição 152/19, que trata da divisão dos recursos do megaleilão do pré-sal.
Para ele, é possível votar a proposta em plenário até o dia 30 de outubro, com a inclusão ainda da Lei Kandir na medida, e com a divisão dos recursos –em fatias iguais– entre Estados (15%) e municípios (15%).
“Havia muitas informações truncadas nesse assunto. Por exemplo, falar que a Câmara não queria aplicar 15% dos recursos da cessão através dos Estados é uma mentira”, disse.
O Senado alterou o texto para que a divisão seja feita nos termos do Fundo de Participação dos Estados (FPE) e do Fundo de Participação dos Municípios (FPM). Não há acordo entre Estados sobre a divisão e aplicação dos recursos.
Nesta terça, a CCJ aprovou a proposta do relator, Tasso Jereissati, que deve ser votada em primeiro turno e passar pelo primeiro teste no plenário ainda na noite desta terça.
A previsão inicial era concluir a aprovação da reforma da Previdência no Senado até à quinta-feira da próxima semana (10), mas as ameaças podem adiar a votação, e trazer mais estresse ao mercado.
Os investidores, principalmente, os estrangeiros, aguardam a aprovação da reforma que vai trazer alívio às contas públicas, para colocar dinheiro no país.
Era esperado que com a aprovação em primeiro turno, o dólar pudesse cair abaixo do R$ 4, mas os novos ruídos políticos podem pôr em causa essa trajetória.
Dados nos EUA e impeachment de Trump ganha novidades
Fora a reforma da Previdência, que, mais uma vez, parecia encaminhada após aprovação na CCJ sem mudanças na proposta, pesaram sobre o mercado financeiro, os dados mais fracos da indústria americana, que sugerem impacto da guerra comercial entre EUA e a China.
O indicador da atividade de Chicago caiu de 49,1 em agosto para 47,8 em setembro, o nível mais baixo desde junho de 2009. Donald Trump, declarou que a culpa do desempenho da indústria não seria da guerra comercial, mas do dólar forte, já que, para ele, o Fed (banco central local) deveria baixar mais os juros e tirar a atratividade da moeda.
Além disso, os ruídos sobre o processo de impeachment de Trump ganharam um pouco mais de fôlego depois de denúncias envolvendo a Austrália e a interferência russa nas últimas eleições, segundo explicou Álvaro Bandeira, economista-chefe do banco digital Modalmais.
Europa fraca
A Europa , por outro lado, apresentou mais uma bateria de dados negativos, sinalizando que a região também sofre o impacto da guerra comercial entre EUA e China.
O índice de atividade da indústria (PMI) da zona do euro recuou pelo oitavo mês seguido, de 47 pontos em agosto para 45,7 em setembro, para o menor nível em sete anos. Já o PMI industrial da Alemanha caiu para o menor nível em mais de dez anos, de 43,5 pontos em agosto para 41,7 em setembro. Valores abaixo de 50 pontos sugerem contração da atividade.