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Saiba quais foram os melhores e os piores investimentos em agosto

No mês, cenário externo negativo pesou e foi determinante para o desempenho das principais aplicações financeiras do país

Bárbara Leite

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Em momentos de incerteza, ativos considerados mais seguros a longo prazo entram nas carteiras dos investidores-Foto: Pixabay

Em um mês de aversão ao risco mundial, com avanço dos temores de uma recessão à escala global devido ao acirramento da guerra comercial entre EUA e China, e de piora da crise na Argentina, quem reinou em agosto foram os investimentos considerados refúgio pelos investidores em épocas de turbulência: ouro e dólar.

A rentabilidade do metal bateu de longe o ganho das principais aplicações financeiras no Brasil ao saltar 17,95% no mês; no ano, o ouro negociado na Bolsa brasileira, a B3, já acumula 34,13% de alta.

Apesar de liderar em agosto, o ouro não é um investimento recomendado para o pequeno investidor, devido à sua forte variação e à burocracia para se aplicar no metal.

Na segunda colocação aparecem os fundos cambiais, que investem em moeda estrangeira, e foram impulsionados pela disparada do dólar. No mês, deram ganho de 9,13%, um pouco acima do que subiu a moeda americana, 8,46%.

Normalmente, os investidores entram neste ativo para se protegerem contra as flutuações de moedas fortes, como dólar e euro. Mas também são usados para o investidor lucrar com a alta da moeda.

Dólar: pior alta desde que Brasil perdeu grau de investimento

Em agosto, o dólar ante o real teve a maior alta mensal desde setembro de 2015, quando o Brasil perdeu o grau de investimento, o chamado selo de bom pagador, pela agência de risco Standard& Poor’s, a primeira a dar esse status ao Brasil em 2008. Terminou nos R$ 4,14, mas chegou a fechar acima de R$ 4,17 na quinta-feira passada (29).

O real foi a segunda moeda no mundo que mais desvalorizou em agosto, apenas perdendo para o ‘morto-vivo” peso argentino, que disparou expressivos 35,79% no mês.

“O real sofreu uma pressão acentuada em agosto, muito por conta do cenário externo caótico”, disse Alvaro Bandeira, economista-chefe do Banco digital Modalmais.

A par do dólar, o euro também subiu bastante em relação ao real. A moeda do bloco europeu ficou 7,66% mais caro no mês.

O quadro externo foi, de fato, bastante conturbado em agosto, com destaque para a escalada da guerra comercial entre EUA e China, após o presidente dos EUA, Donald Trump anunciar uma nova rodada de tarifas agora para 1º de setembro, e consequente retaliação chinesa e “contra-medidas” americanas.

O mercado receia que as tensões comerciais afetem lucro das empresas e o crescimento das economias, respigando para o resto do mundo, principalmente os países emergentes como o Brasil, mais dependentes da venda de matérias-primas.

O agravamento da crise da Argentina, com o resultado surpresa das prévia da eleição presidencial, que indicam que a esquerda deve ganhar no pleito de 27 de outubro, que levou ao tombo do peso e pedido de “moratória branca” do país atingiu em cheio o Brasil.

A Europa também não ajudou. A Alemanha entrou em recessão no segundo trimestre. Em Itália, a extrema-direita, acreditando que poderia ganhar em eleições antecipadas, fez pressão para a saída do premiê, que chegou a pedir demissão, mas recuou após formação de uma nova coalizão. Os dados econômicos da Zona do Euro também vieram negativos, e a ameaça do novo premiê britânico de tirar o Reino Unido da União Europeia, no chamado Brexit, mesmo sem acertar os termos do “divórcio” com o bloco europeu, preocuparam o mercado.

Bitcoin: moeda-refúgio?

Outro investimento que se deu bem no mês foi o Bitcoin (BTC), o ativo de renda variável que mais rendeu em agosto. No mês, a criptomoeda mais conhecida no mundo teve valorização de 3,49%, liderando, no ano, “de lavada” as restantes aplicações, com ganhos acima de 168%.

Confira o ranking das principais aplicações financeiras em agosto:
InvestimentoRentabilidade no mêsRentabilidade acumulada no ano
Ouro17,95%34,13%
Fundos cambiais*9,13%9,09%
Dólar8,46%6,49%
Euro7,66%2,70%
Bitcoin3,49%168,31%
Tesouro Selic 20210,51%
Poupança antiga**0,50%4,07%
CDB0,45%4,08%
Fundos de renda fixa de curto prazo (média)* 0,42% 4,03%
Poupança nova0,37%3,01%
Ibovespa-0,37%15,07%
IGP-M-0,37%4,09%
Tesouro Prefixado 2025 -1,52%15,84%
Fundos de ações livre*-3,02%16,61%
Tesouro IPCA + 2035-3,24%26,89%

Fonte: Anbima, B3, Valor Pro, Banco Central, IBGE, Tesouro Direto, Coinbase; *até dia ao dia 27 **depósitos feitos até dia 4 de maio de 2012

Alguns especialistas dizem que a moeda virtual é vista como um investimento de longo prazo, como o ouro, e que está servindo de refúgio em momentos de incerteza, como o atual.

Renda fixa rendeu menos de 0,50%

Já quem tem suas economias aplicadas em renda fixa não teve o que comemorar no mês. O título público atrelado à taxa básica de juros, que foi cortada no dia 31 de julho, de 6,50% para 6% ao ano, que foi o melhor entre os investimentos mais conservadores, pagou apenas 0,51% em agosto, o mesmo que a poupança antiga, que remunera os depósitos feitos até 4 de maio de 2012.

Depois vieram CDB (Certificado de Depósito Bancário), com rendimento de 0,45%, e fundos de renda fixa de curto prazo com 0,42% (ganho até o dia 27 de agosto).

Estas são as rentabilidades absolutas das aplicações conservadoras. Os números não levam em conta o desconto do Imposto de Renda (IR), que incide sobre fundos e títulos do Tesouro Direto. Com o pagamento do imposto, o ganho dos investidores ficou menor.

Todos ganharam da nova poupança, que seguiu sua trajetória de queda, após a redução da Selic. No mês, o ganho da caderneta caiu a 0,37%; no ano, ela pagou 3% aos depósitos feitos depois de 4 de maio de 2012. É importante destacar que a poupança não paga IR.

Bolsa e Tesouro IPCA na lanterna

Na lanterna, ficaram os investimentos ligados ao mercado de ações, como os atrelados ao Ibovespa, referência da Bolsa brasileira, que fechou o mês em queda de 0,67%, mesma variação da inflação do aluguel, e os fundos de ações livre, que tiveram queda média de 3,02%. O comportamento dos papéis do mercado de capitais reflete, tal como o dólar, a piora do cenário externo.

Além da cena externa, a Bolsa sentiu as suspeitas de corrupção sobre Rodrigo Maia (DEM-RJ), presidente da Câmara dos Deputados e principal articulador das reformas do governo Bolsonaro, a queda da popularidade do presidente, que iniciou uma crise diplomática com a França por conta dos incêndios na Amazônia, e um adiamento da reforma da Previdência no Senado.

Alguns títulos do governo também fecharam com baixas no mês, como o Tesouro Prefixado e o Tesouro IPCA 2035, título público que é atrelado à inflação e que foi o pior investimento de agosto, com contração de 3,24%.

É preciso destacar, porém, que apesar do desempenho negativo em agosto, estas são as aplicações financeiras que mais dão retorno ao investidor em 2019 (ver tabela acima).

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