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Preço do petróleo dispara 19%, mas Trump ‘acalma’ humor; ouro sobe
Segundo observadores, o risco será maior se os EUA adotarem represálias contra o Irã; Arábia Saudita diz que produção, após ataques de drones, será retomada logo
A cotação do petróleo tipo Brent (referência mundial) disparou 19,48% na abertura dos negócios em Cingapura, neste domingo (15) e segunda-feira (16) na Ásia, para US$ 71,95 o barril, em reação ao ataque às instalações da estatal Saudi Aramco, neste sábado (14), que forçou a Arábia Saudita, maior exportador de petróleo do mundo, a reduzir pela metade sua produção.
A valorização nos primeiros minutos do pregão foi a maior alta intradiária (durante o pregão) já alcançada na história, quando os contratos do petróleo começaram a ser negociados em Bolsa, em 1988.
Pouco depois dos primeiros negócios, o preço do barril do petróleo freou e era negociado a US$ 67,28, um aumento de 11,7%, depois que o presidente dos EUA, Donald Trump, tuitou ter dado autorização para que parte das reservas estratégicas do país sejam liberadas, caso seja necessário para manter o mercado devidamente abastecido.
Neste sábado, dez drones atacaram uma instalação de processamento de petróleo em Abqaiq e o campo de petróleo Khurais da Saudi Aramco, a petrolífera estatal da Arábia Saudita, causando uma perda de 5,7 milhões de barris de produção de petróleo por dia ou 50% da produção de petróleo do reino.
A Arábia Saudita é o maior exportador mundial de petróleo, fornecendo cerca de 10% das necessidades globais. Isso significa que o corte de 5,7 milhões de barris diários, equivale a quase 6% do consumo mundial, o que mostra a envergadura do problema. Javier Blas, correspondente-chefe de Energia da agência Bloomberg, disse no Twitter não se lembrar de uma perda dessa envergadura no volume de petróleo da noite para o dia desde a invasão do Kuwait pelas tropas iraquianas de Saddam Hussein, em 1990.
Petróleo a US$ 100 o barril e impacto na gasolina e diesel
Embora ainda seja muito cedo para dizer a extensão dos danos e por quanto tempo as instalações serão encerradas, no limite, analistas veem a possibilidade da cotação disparar a US$ 100 o barril, se a recuperação da produção demorar.
“O mercado poderá ver um retorno ao patamar de US$ 100 o barril, caso não haja uma solução para o problema no curto prazo”, disse à Reuters o executivo-chefe da Onyx Commodities, Greg Newman.
Referência mundial e para a Petrobras definir os preços da gasolina e do diesel no Brasil, o petróleo tipo Brent, extraído do Mar do Norte, é negociado na Bolsa de Londres, mas também em Cingapura e em Nova York, embora com volumes mais reduzidos.
Além do petróleo, a Petrobras também leva em conta a cotação do dólar. Se elas sobem, a estatal repassa as altas para as refinarias, que, por sua vez, as distribuidoras de combustíveis tendem a repassá-las para os preços da gasolina e do diesel na bomba.
Na semana passada, o preço do petróleo tipo Brent fechou com queda de 2,1%, enquanto o dólar ante o real se valorizou 0,16%.
Um terço da produção retomada
A Saudi Aramco tem procurado tranquilizar seus clientes, dizendo que o volume vai se recuperar logo. A expectativa era retomar até um terço até esta segunda (16). Tanto o ministro saudita da Energia, o príncipe Abdulaziz bin Salman, como a Agência Internacional de Energia (organismo independente) destacaram a existência de estoques para cobrir o consumo.
De acordo com dados de junho passado, a Arábia Saudita dispõe de 188 milhões de barris armazenados, que serviriam para suprir a demanda do mercado durante semanas.
O mercado, porém, especula que a recuperação pode levar semanas ou meses.
Ouro dispara com conflito com Irã no radar
Além de grandes interrupções no fornecimento, os ataques também aumentaram as preocupações dos investidores com a situação geopolítica na região e o agravamento das relações entre o Irã e os EUA. Essas preocupações elevaram a procura por ativos considerados de refúgio nesta segunda 16 na Ásia. Os preços do ouro subiam 1% no mercado asiático para US$ 1.503,09.
Além disso, o dólar, que é outro ativo de refúgio, também pode encarecer com a expectativa de conflito armado entre EUA e Irã. As tensões também podem puxar ainda mais a cotação do petróleo no longo prazo.
A Arábia Saudita é o principal aliado árabe de Trump, e apoiou sua política de “máxima pressão” contra os iranianos para obrigá-los a renegociar o acordo nuclear de 2015 e reduzir sua influência no Oriente Médio.
As declarações do secretário de Estado, Mike Pompeo, culpando o Irã do ataque às instalações petrolíferas fizeram lembrar que há apenas três meses Trump esteve a ponto de bombardear o país. Uma represália desse tipo teria muito mais impacto sobre o preço do barril e, eventualmente, sobre o que o consumidor paga por um litro de gasolina e do diesel.
*Com agências