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Preço dispara, e consumidor começa a trocar gás encanado por botijão, diz jornal
Com dólar nas alturas e cotação de petróleo em alta, em um ano, gás natural encareceu 43% para residências em São Paulo e 29% para indústrias e comércio; no país, avanço médio é de 30%
Com o dólar caro e cotações do preço do petróleo em alta, o preço de gás natural, o encanado, disparou, e o consumidor está começando a migrar de volta para o gás de botijão.
De acordo com o jornal “Folha de S. Paulo”, o empresário Alexandre Rodrigues Gomes, de Campinas, já adotou o botijão na cozinha de seu restaurante. Com isso, ele espera economizar entre R$ 7 mil a R$ 8 mil na conta de gás, que estava em R$ 20 mil a R$ 22 mil por mês. “É uma diferença gritante”, comenta.
Francisco França, que administra um hotel em São Paulo, já trocou de combustível, com economia estimada em 60%.
Em um ano, a tarifa de gás para residências na área da Comgás, que atende 1,9 milhão de pessoas da região metropolitana de São Paulo, da região administrativa de Campinas, Baixada Santista e no Vale do Paraíba, com consumo entre 34 e 600 metros cúbicos, subiu 43%. Para clientes comerciais com consumo entre 500 e 2.000 metros cúbicos, a alta foi de 29%.
O problema não está restrito a São Paulo: de acordo com dados do MME (Ministério de Minas e Energia), entre junho de 2018 e junho de 2019, o preço do gás entregue a distribuidoras subiu, em média no país, quase 30%.
O preço do gás natural vendido pela Petrobras acompanha a variação das cotações internacionais de óleos combustíveis e a taxa de câmbio. A alta em 2019 tem forte impacto da escalada do dólar a partir do período eleitoral, quando a moeda americana chegou a bater a casa dos R$ 4,10.
Considerando que a cotação atual continua em torno desse patamar, a expectativa do mercado é que o gás continue caro. Nesta quarta (25), o dólar terminou o pregão em R$ 4,15.
O preço do gás natural é ajustado a cada três meses, de acordo com a evolução dos indicadores em trimestres anteriores. Em São Paulo, o baque foi maior já que os contratos de concessão preveem reajustes anuais, e não trimestrais. Por ter prazo mais longo, o contrato paulista tem um gatilho que pode disparar reajustes extraordinários quando o preço do insumo subir muito durante o ano.
A Comgás diz que os ajustes têm por objetivo repassar aumento de custos do insumo e podem ser para baixo, como em 2016, quando o petróleo e o dólar caíram.
Já a Arsesp (Agência Reguladora de Saneamento e Energia de São Paulo) alega que parte do aumento na conta de gás reflete também elevação no consumo durante o inverno, com uso maior de água quente no chuveiro.