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O Brexit, finalmente, aconteceu: Reino Unido deixa a União Europeia após 47 anos
Divórcio ocorre três anos e meio depois do referendo votado pelos britânico, três adiamentos de prazo e pedido de demissão da primeira-ministra Theresa May; haverá um período de transição para se definir as novas regras de circulação de pessoas e bens
O Brexit, finalmente, aconteceu. Após três anos e meio do referendo votado pelos britânicos e três adiamentos de prazo, o Reino Unido deixou a União Europeia (UE) nesta sexta-feira (31) às 23h na capital britânica (meia-noite em Bruxelas, onde fica a Comissão Europeia, e 20h, no horário de Brasília), após 47 anos como membro. É o primeiro dos 28 países a sair do bloco desde sua criação, em 1958.
Em Londres, a noite histórica foi comemorada pelos apoiadores do Brexit na praça do Parlamento. A celebração ganhou ares de Réveillon com contagem regressiva.
O divórcio deixa um buraco anual de cerca de € 12 bilhões (R$ 56 bilhões) no Orçamento da UE. Para cobrir o rombo de € 84 bilhões (R$ 393 bilhões) no orçamento dos próximos sete anos, o bloco europeu estuda criar uma nova taxa sobre plásticos e emissões de carbono, mas outras alternativas também estão sendo analisadas.
11 meses de transição
A saída britânica é mais teórica do que prática. A partir deste sábado (1º) até dezembro deste ano, o bloco e o país discutirão os termos da relação diplomática e econômica, as regras de circulação de cidadãos, as condições de residência e trabalho, tarifas e exigências nas trocas econômicas, incluindo a comercialização de bens e serviços.
Nesta semana, os 73 parlamentares britânicos que ocupam assentos no Parlamento Europeu já deixaram seus escritório, um dos efeitos mais imediatos do Brexit.
Nesta sexta, o Parlamento Europeu e outras instituições ligadas ao bloco, como o Conselho da UE, retiraram as bandeiras do Reino Unido de suas fachadas nas sedes em Bruxelas e em Estrasburgo (França). A bandeira da União Europeia, por sua vez, foi removida da embaixada britânica na UE em Bruxelas.
Novela de três anos e meio
Em junho de 2016, 52% dos britânicos votaram a favor da saída do país do bloco, enquanto 48% foram contra.
Uma divisão não só entre os eleitores (17,4 milhões x 16,1 milhões), mas também entre os países que formam o Reino Unido. Enquanto Inglaterra (53,4%) e País de Gales (52,5%) tiveram maioria pró-brexit, Escócio (62%) e Irlanda do Norte (55,8%) tiveram maioria contra.
A saída foi dramática e levou até à demissão da antiga primeira-ministra Theresa May. Ele costurou um acordo com os termos do divórcio, mas não conseguiu apoio do parlamento britânico, aval que o Boris Jonhson acabou por reunir. As idas e vindas trouxeram turbulência aos mercados financeiros, com receio de que uma saída sem acordo poderia impactar no sistema financeiro britânico e no resto do mundo.
*Com Folha