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Na volta do feriado dos EUA, dólar sobe após alívio
“O mercado voltou para a realidade e está recuperando as perdas de ontem”, resumiu Fernando Bergallo, diretor de câmbio da FB Capital, para explicar a alta, nesta sexta (29), da moeda americana, que também é afetada pela formação da Ptax
O dólar, que abriu os negócios em queda após anúncio do Banco Central do Chile, virou e passou a subir, na volta do feriado dos EUA.
Pelas 13h10, a moeda americana era negociada nos R$ 4,2340, com alta de 0,42%. Nesta quinta, quando as Bolsas americanas estiveram fechadas por conta do Dia de Ação de Graças, que tira liquidez do mercado brasileiro, o dólar teve um alívio e caiu 1%, com nova atuação do Banco Central (BC) e revisão dos dados das exportações brasileiras de novembro.
“Nesta sexta está havendo uma recomposição de posições. Ontem, o estrangeiro ficou fora. E teve a ação do Banco Central, que, em dia de baixa liquidez, teve impacto certeiro. O dólar caiu 1%. Hoje está recuperando. O gringo voltou para o pregão e os fundamentos estruturais que levaram o dólar para cima permanecem. Não há nenhuma mudança no panorama, nem em relação às negociações de EUA e China, nem sinalização em relação à taxa de juros”, disse Fernando Bergallo, diretor de câmbio da FB Capital.
“O mercado voltou para a realidade e está recuperando as perdas de ontem”, resumiu Bergallo.
Na abertura, o dólar chegou a ceder a R$ 4,193, seguindo a queda do peso chileno, depois que o BC local informou, na véspera, que intervirá no mercado de câmbio com vendas de até US$ 20 bilhões, em meio ao recente colapso da moeda local, que sofre com os protestos violentos no país que levaram o governo a admitir mudar a Constituição.
A intervenção ocorrerá a partir de segunda-feira (2) e ocorrerá até maio do próximo ano.
Formação de Ptax: briga no último dia do mês
A volatilidade do dólar também pode ser explicada por ser dia de formação de Ptax. A Ptax definida no último pregão de cada mês é usada como referência para a maior parte dos contratos cambiais do mês seguinte. Por isso, os investidores tendem a “brigar” para conseguir cotações que favoreçam suas posições, aumentando assim a volatilidade na reta final do mês.
Segundo Bergallo, a alta é explicada pelos pressão dos investidores estrangeiros que estão com “posição comprada” em dólar. Quem está “comprado” em dólar, ganha com a alta da divisa americana, e logo quer que a Ptax feche em um patamar mais alto; já quem está “vendido” (o BC incluído) lucra com a queda da moeda americana, e está tentando baixar a divisa.
Quinta de alívio
Nesta quinta, o dólar despencou 1% para R$ 4,216, após três dias consecutivos de recorde. Entre os motivos para a queda estão a revisão para cima dos dados da balança comercial de novembro, que tinham preocupado o mercado na segunda (25) por conta dos receios sobre fluxo de capital e levado ao primeiro recorde na semana (R$ 4,215).
Segundo o Ministério da Economia, o país exportou o equivalente a US$ 13,5 bilhões nas primeiras quatro semanas do mês de novembro, ante US$ 9,7 bilhões reportados antes. Com isso, a balança comercial deixou de mostrar um rombo de US$ 1,099 bilhão no acumulado de novembro, mas um saldo positivo de US$ 2,7 bilhões.
Também levou à queda da divisa a atuação do BC, que despejou US$ 1 bilhão no mercado em leilão à vista, em que usa parte das reservas internacionais, para dar liquidez ao mercado, e assim, pressionar menos a moeda. O anúncio da operação na véspera também agradou ao mercado e ajudou a baratear a moeda.
O recuo nesta quinta se deu após das tensões entre EUA e China terem se agravado após o presidente americano, Donald Trump, ter aprovado lei que apoia os manifestantes pró-democracia em Hong Kong. A ingerência americana irritou os chineses, que prometeram retaliar, movimento que pode pôr em causa a assinatura da primeira fase do acordo comercial entre EUA e China.