Seu Bolso
Na véspera da ‘Super Quarta’ e pacote fiscal no radar, dólar fecha em R$ 4
Moeda americana rompeu a marca psicológica, mas as decisões sobre os juros básicos no Brasil e nos EUA, previstas para esta quarta-feira, causaram alguma apreensão
(Publicada às 15h03; atualizada às 17h40)
Após um ciclo de forte queda nos últimos pregões com a aprovação da reforma da Previdência, o dólar tem um pregão de ajustes nesta terça-feira (29) e fecha em R$ 4 em meio à cautela com as decisões sobre o rumo dos juros no Brasil e nos EUA, previstas para esta quarta-feira (30).
A informação de que o acordo parcial entre EUA e China pode não ser fechado no Chile, em meados no mês que vem, trouxe alguma apreensão. A expectativa de anúncio de medidas do governo para conter gastos públicos esteve no radar dos investidores.
A moeda americana terminou nos R$ 4,003, com alta de 0,28%. No melhor momento, a divisa caiu a R$ 3,986. Nesta segunda-feira (29), a moeda americana fechou abaixo dos R$ 4 pela primeira vez desde 15 de agosto.
“O dólar está na estabilidade e rompeu o nível psicológico de R$ 4. O mercado está ajustando as posições antes do leilão do pré-sal, que será na semana que vem. O CDS, que bateu a mínima ontem, hoje subiu, mas pouco. E, obviamente, que há um pouco de cautela com a decisão do Fed e do Copom desta quarta”, disse Pablo Syper, diretor de operações da corretora Mirae Asset e colunista do Economia Bárbara.
Nesta segunda-feira (28), o CDS (custo do contrato de swap de default de crédito, na sigla em inglês), medida usada para calcular o risco-país, do Brasil, cravou uma nova mínima no ano, nos 117,287 pontos, a 14ª baixa consecutiva, na maior sequência de queda desde 2003.
Segundo José Faria Junior, diretor da Wagner Investimentos, o dólar segue com dificuldade de ficar abaixo de R$ 3,98, e a expectativa é que a busca por dólar continue elevada no mundo. O Dollar Index (dólar contra uma cesta de 6 moedas – euro, yen, libra, franco suíço, coroa sueca e dólar canadense) deverá seguir em alta de longo prazo, estima.
A cautela do mercado se dá por conta da expectativa de um corte maior a taxa básica de juros aqui do que nos EUA na “Super Quarta”, quando BC brasileiro e Fed (BC americano) anunciam as trajetórias de seus juros.
A expectativa é que o Fed, anuncie, nesta quarta (30) um corte de 0,25 ponto percentual na sua taxa, que está no intervalo de 1,75% a 2% ao ano. Já o BC brasileiro deve promover uma redução maior, de 0,50 ponto, para 5% ao ano, enquanto uma minoria acredita na possibilidade de redução de 0,75 ponto.
Esse diferencial tende a diminuir o chamado “carry trade” – quando se pega dinheiro em um país que paga uma taxa de juros mais baixa, como os EUA, e se aplica a quantia em outro destino que pague retornos maiores (caso de emergentes, como o Brasil)– e a afastar investidores do Brasil.
A previsão é que a migração por conta do “carry trade” menos atrativo seja compensada pela entrada de investidores estrangeiros por conta do leilão do petróleo do pré-sal da chamada cessão onerosa, prevista para o dia 6 de novembro, e programa de concessões e privatizações. Com isso, o dólar seguiria menos pressionado.
Pacote fiscal: programa pós-reforma
O mercado esteve na expectativa para o anúncio, nesta terça, de um pacote fiscal pelo governo, que faz parte do plano econômico pós-reforma da Previdência. O anúncio não ocorreu, ele deve ficar para quinta-feira (31).
Segundo o Estadão, o pacote que Guedes enviará ao Congresso nesta semana tem 5 eixos: 1) reforma administrativa (redução do número de carreiras e do salário inicial e flexibilização da estabilidade), 2) PEC emergencial de corte de gastos obrigatórios com a finalidade de aumentar os investimentos, 3) PEC DDD (desvincular, desindexar e desobrigar os gastos), 4) Pacto Federativo, com nova divisão de recursos entre os entes, 5) novo programa de ajuda aos Estados. As medidas podem gerar economia de até R$ 27 bilhões aos cofres públicos.
A economia esperada com a reforma da Previdência em dez anos é de R$ 800 bilhões.
EUA-China: adiamento
De acordo com a agência Reuters, o acordo comercial parcial entre EUA e China não deve ser assinado em cúpula do Chile, prevista para os dias 16 e 17 de novembro.
Na véspera, o presidente americano, Donald Trump, havia informado que queria assinar “muito antes” da data prevista. Segundo a fonte do governo americano, o possível adiamento de assinatura no Chile não significa fracasso de negociações com a China
As negociações avançam, mas assinatura de “fase 1” de acordo comercial pode precisar de mais tempo, diz fonte do governo.
A guerra comercial, que se arrasta há 18 meses, entre as duas potências está impactando na economia dos países e do resto do mundo