Seu Bolso
Mordida do Leão está maior em 2019, e o contribuinte nem notou
Sem atualização da tabela do IR pela inflação, mais brasileiros pagam imposto
A mordida do Leão aumenta a cada ano, e o brasileiro nem notou. Em 2019, pelo quarto ano consecutivo, a tabela do Imposto de Renda (IR) não foi corrigida pela inflação. Sem atualizar o valor do limite de isenção, das faixas de renda e das deduções, sobra menos dinheiro para o contribuinte e mais dinheiro para os cofres da Receita.
A falta de correção é um dos fatores que faz aumentar o número de contribuintes obrigados a declarar.
Sem a correção desses quatro anos e de anos anteriores, desde 1996, a defasagem total está agora em 95,46%, segundo estudos do Sindicato Nacional dos Auditores Fiscais da Receita Federal (Sindifisco Nacional).
Se a tabela tivesse sido corrigida integralmente pela inflação nos últimos 22 anos, quem ganha menos de R$ 3.689,94 por mês estaria isento de Imposto de Renda. Hoje, somente quem recebe menos de R$ 1.903,99 está isento.
De acordo com a Receita, o número de declarantes vem crescendo nos últimos anos. Mais de 26 milhões de pessoas declararam os rendimentos em 2014. Em 2017, foram 28,5 milhões. No ano passado, o número subiu a 29,2 milhões. Neste ano, a Receita espera 30,5 milhões de declarações.
Entenda
Além dos valores a serem deduzidos na declaração, o que está congelado desde 2015 são os limites de renda usados para a aplicação da alíquota. Atualmente são cinco faixas do imposto:
Até R$ 1.903,98: isento
Entre R$ 1.903,99 e R$ 2.826,65: 7,5%
Entre R$ 2.826,65 e R$ 3.751,05: 15%
Entre R$ 3.751,06 e R$ 4.664,68: 22,5%
A partir de R$ 4.664,69: 27,5%
Como não houve atualização pela inflação, mais brasileiros que poderiam estar isentos pagam IR ou salários menores estão incluídos nas alíquotas mais elevadas.
Se a tabela tivesse sido corrigida, estaria isento quem ganha R$ 3.689,94; e só pagaria 27,5% de imposto quem ganhasse acima de R$ 7.378.
Além dos limites das faixas de renda, sem a atualização dos valores que o Fisco permite deduzir, também se está pagando mais IR. Os gastos com educação são um deles. A Receita permite que se deduzam por ano R$ 3.561,50 por dependente e titular. Caso o valor tivesse sofrido correção, o valor passaria de R$ 6.900.