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Lunes Negro: Bolsa da Argentina cai mais de 30% e juro vai a 74% para conter dólar

Volta de políticas populistas que penalizam as contas públicas e puxam a inflação preocupam mercado; BC local subiu taxas para segurar disparada da moeda dos EUA

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Mauricio Macri perde a prévia para a eleição presidencial de outubro neste domingo-Foto: Divulgação

O mercado reagiu muito mal à derrota de Mauricio Macri nas eleições presidenciais primárias (prévias) deste domingo (11). O Merval, principal índice acionário da Argentina, desabou 30%, pela manhã, no pior pregão em 20 anos.

O peso argentino chegou a cair mais de 30%, passando a 60 pesos por dólar, diante do pessimismo global com a situação política do país. Na tentativa de conter a disparada da moeda americana ante o peso, Macri, que é o atual presidente do país, se reuniu com alguns de seus ministros e o presidente do Banco Central Argentino, Guido Sandleris, segundo jornais argentinos. A solução encontrada foi subir a taxa de juros do país para 74% ao ano. Na sexta, era de 63,38%.

Macri é visto pelos investidores como o candidato pró-mercado. O atual presidente do país vizinho perdeu em eleições primárias que funcionaram como uma prévia da disputa presidencial, por 15 pontos de vantagem para o candidato da oposição, escolhido por Cristina Kirchner, indicando que pode sair derrotado na eleição geral, marcada para 27 de outubro.

A vitória da chapa encabeçada por Alberto Fernández, que tem Cristina Kirchner como vice, gera receios de volta das políticas populistas ao país vizinho, que pode afetar as contas públicas do país e a inflação.

O mercado financeiro já esperava uma derrota de Macri, mas com uma diferença de apenas 9 pontos percentuais entre as chapas. A distância de 15 pontos percentuais nas primárias pode levar a eleição em primeiro turno de Fernández.

“A vitória do peronismo trouxe o que está sendo chamado de Lunes Negro (segunda-feira sangrenta). É a pior queda da Bolsa em 20 anos”, disse Pablo Spyer, diretor de operações da Mirae Asset e novo colunista do Economia Bárbara.

As ações de empresas argentinas registraram quedas de dois dígitos na abertura dos mercado. Todas as empresas argentinas listados na Bolsa de Nova York tiveram quedas cerca de 15 minutos antes da abertura– a Loma Negra, mais afetada, chegou a ter perdas de 61,57%.

No Brasil, importante parceiro econômico da Argentina, o mercado também opera em queda com a vitória kirchnerista. O Ibovespa recuava, pelas 13h20, 2,01%, a 101.910 pontos. O dólar, por seu lado, perdeu um pouco o ímpeto inicial, e negociava abaixo dos R$ 4, a R$ 3,987, com alta de 1,15%.

Macri foi eleito em 2015 com a promessa de liberalizar a economia argentina, prometendo acabar com o intervenções do Estado  promovidas por Cristina Kirchner (2007-2015), em especial no seu segundo mandato. Ele liberou o câmbio e retirou os subsídios que mantinham baixos os preços de serviços como gás e eletricidade. Mas, ao contrário do resultado que esperava inicialmente, a inflação continuou a subir e os investimentos estrangeiros não compareceram em volume suficiente.

Há cerca de um ano, sem dinheiro para pagar a dívida pública, Macri fechou um acordo com o Fundo Monetário Internacional (FMI) de US$ 50 bilhões, o maior empréstimo já concedido na história do organismo, e, mesmo assim, não conseguiu acalmar a economia. Na manhã desta segunda, enquanto os impactos de sua vitória nas prévias eleitorais começaram a vir à tona, Alberto Fernández disse que a política econômica de Macri enganava os mercados.

“Os mercados reagem mal quando percebem que foram enganados. E, na verdade, o governo os conduziu a esse estado de coisas com o festival de títulos que emitiu, com a crise da dívida”, disse Fernández, em declarações à Rádio 10.

Um informe do banco de investimento JP Morgan indicava, nesta manhã, que com a provável vitória em primeiro turno da chapa de oposição em outubro, a chance de uma “descontinuidade das políticas” econômicas de Macri é muito maior. “A pressão sobre os mercados financeiros vai aumentar devido a uma probabilidade maior da descontinuidade das políticas”, diz o relatório.

Já relatório da Capital Economics avalia que o colapso nos mercados financeiros em torno do resultado da eleição poderá fazer com que o FMI requeira reestruturação do endividamento público antes das eleições de outubro.

*Com o La Nación e agências

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