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Governo vai liberar o FGTS? Saque tudo o que puder

A equipe econômica estuda permitir que cotistas retirem parte do saldo do fundo, em uma medida de estímulo à economia

Bárbara Leite

Publicado

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FGTS perde para a inflação desde 1999- Foto:Agência Brasil

O governo Bolsonaro decidiu adotar medidas de estímulo ao consumo para tentar puxar uma retomada da economia, que deve crescer menos de 1% neste ano. O Fundo de Garantia de Tempo de Serviço (FGTS) foi o escolhido, mas os detalhes de quanto e de que tipo de contas os trabalhadores poderão sacar ainda estão sendo definidos, depois que o setor da construção civil alertou para que uma retirada em massa do fundo poderia afetar a oferta de imóveis do Minha Casa Minha Vida, o principal impulsionador do setor.

Em 2017, o governo Temer liberou o saque apenas das contas inativas. Agora, chegou a circular que a intenção era permitir saques das contas ativas, o que despertou as críticas das construtoras. Na época, o pagamento das contas contemplou 25,9 milhões de trabalhadores e injetou R$ 44,4 bilhões na economia. Entre as opções em estudo está também a de limitar o saque a R$ 3 mil por cotista.

O governo que falava inicialmente em uma liberação em torno de R$ 42 bilhões, passou a ver possibilidade de liberar R$ 30 bilhões, e nesta quinta-feira, o ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, que esteve reunido com o ministro da Economia, Paulo Guedes, falou apenas em “ mais de R$ 21 bilhões”.

Mas, afinal, vale a pena sacar o saldo do FGTS? #ABabiResponde!

Sim, sim e sim. O fundo perde até para a inflação: desde 1999, a rentabilidade só foi superior ao IPCA em 2006 e em 2017. O fundo rende apenas 3% ao ano mais Taxa Referencial (TR), que está próxima de zero. Além disso, cada cotista recebe uma parte proporcional referente a metade do lucro do fundo do ano anterior. No ano passado, foram distribuídos R$ 6,23 bilhões, o que deu R$ 38 para cada um, ou “míseros” R$ 3 a mais por mês.

No ano passado, a inflação ficou em 3,75%, ainda acima do que pagou o FGTS, praticamente 3%.

Por isso, assim que o governo definir as regras para o saque, o ideal é sacar tudo o que for permitido.

A dica de cem em cem especialistas em finanças pessoais é que o destino dos recursos deve ser para pagar as dívidas, sempre priorizando as mais caras, como cartão de crédito e cheque especial–essas duas modalidade cobram juros acima de 299% ao ano– e as de serviços básicos (água, luz, telefone).

Se as contas estão em dia, mas há prestações a perder de vista, pode ser uma chance de quitar parcelas. Com o dinheiro em mãos, entre em contato com seus credores e negocie um desconto para o abatimento da dívida.

Também pode ser a oportunidade para criar a chamada reserva de emergência, um dinheiro para ser usado em caso de imprevistos, como o desemprego.  Neste caso, a tão “mal falada” poupança pode ser uma opção para deixar o dinheiro. A caderneta, que que hoje rende 70% da taxa básica de juros (Selic) mais TR, paga cerca de 4,5% ao ano, tendo desempenho melhor que o FGTS.

Se um cotista, por exemplo, tivesse R$ 3 mil no FGTS por 15 anos, ele teria amealhado R$ 4.673,90 no fim do período. Se tivesse aplicado esse montante na poupança, a cifra ia a R$ 5.789,20, ou seja, R$ 1.115,30 a mais.

Outra alternativa é investir o dinheiro do FGTS no Tesouro Direto, comprando títulos do governo brasileiro. Você pode aplicar a partir de R$ 30 para receber o dinheiro corrigido futuramente. Na prática, é como se estivesse emprestando dinheiro ao país.

Um exemplo de que o Tesouro Direto é mais vantajoso que o fundo é que se aquele mesmo valor, R$ 3 mil, tivesse sido investido no Tesouro Selic, um título atrelado à taxa básica de juros da economia, (com taxa de 5,5% ao ano, já descontando a incidência de Imposto de Renda), ao fim de 15 anos o trabalhador teria R$ 6.697,43. em mãos. Neste caso, a diferença entre o Fundo e o Tesouro seria de R$ 2.023,53. Se a opção for pelo Tesouro Direto, será preciso fazer um cadastro em uma corretora. Escolha uma que não cobre taxa de administração.

O cotista que queira arriscar e buscar mais rentabilidade pode escolher aplicar os recursos em renda variável. Uma das opções para quem está iniciando e ainda não está familiarizado com a Bolsa de Valores é aplicar em um fundo multimercado. Só lembrando que a renda variável sofre oscilações e o ganho não é garantido.

Um fundo multimercado que renda 120% DI (aproximadamente 7,5% ao ano, já descontado IR), os R$ 3 mil iniciais, em 15 anos, renderiam R$ 9.102,21. Ou seja, quase o dobro do fundo ou R$ 4.428,31 a mais. Os cálculos comparativos são de Virgínia Prestes, professora de Finanças da Fundação Armando Alvares Penteado (Faap), segundo o “OGlobo”.

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