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Em dia nervoso, dólar sobe ‘só’ a R$ 4,16 após ação inédita do BC; ouro bate recorde desde 2013

Moeda americana engatou quarta alta consecutiva, mas longe do recorde do dia; fala de Campos Neto e aversão ao risco global levaram investidores a buscarem proteção

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Ouro e dólar são investimentos considerados mais seguros em meio às incertezas econômicas-Foto: Reprodução

O dia foi de tirar o fôlego para o mercado cambial. O dólar engatou a quarta alta consecutiva frente ao real nesta terça-feira (27), atingindo uma nova máxima no ano, mas longe do patamar recorde registrado na sessão.

No fechamento, a moeda americana subiu 0,45% para R$ 4,158, depois de disparar, na hora do almoço, a R$ 4,196, maior nível de sempre da divisa na era do Plano Real, desde 1994. A virada ocorreu após uma fala do presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, em audiência pública na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado.

“O real nos últimos dias tem tido desvalorização um pouquinho acima, mas está bem dentro do padrão normal”, disse. A fala caiu mal e o mercado testou o BC. Ele sinalizou que estaria confortável com a atual cotação do dólar, perto dos níveis recorde da história.

Mas, logo depois da disparada, o BC reagiu para segurar a alta, entrando no mercado para vender dólares à vista sem uma outra operação associação, algo que não ocorria há cerca de uma década.

Também anunciou para esta quarta-feira (28) e quinta (29) mais operações de leilões à vista com contratos de swap reverso (o equivalente a compra de dólares no futuro), outras iniciativas para injetar liquidez no mercado e ajudar a segurar a alta da moeda americana.

Também pesou a inversão da curva de juros dos títulos americanos, que, em tese, sinaliza que a economia dos EUA ficará mais fraca no futuro, aumentando a aversão ao risco global.

Nesta terça, outro fator elevou a tensão global. O governo do Irã afirmou que não tem intenção de dialogar com os EUA sobre a questão nuclear a menos que todas as sanções impostas a Teerã sejam suspensas.

O cenário de desaceleração econômica global e tensões comerciais dos americanos com China, embora tenham melhorado nesta terça, e Irã leva a maior parte de moedas emergentes a se desvalorizarem. Nos EUA, o dia também fechou negativo, com novos temores de recessão.

No Brasil, o real também sofreu com a crise na Argentina e a crise diplomática com a França, devido aos incêndios na Amazônia, que pode pôr em causa o acordo entre o Mercosul e a União Europeia (UE).

Mas o maior foco de cautela interna ainda foi o indiciamento, da véspera, de Rodrigo Maia (DEM-RJ), presidente da Câmara dos Deputados e principal articulador no Congresso das reformas do governo Bolsonaro. Ele é suspeito pela Polícia Federal de corrupção e lavagem de dinheiro no caso da Odebrecht na Operação Lava Jato.

O Supremo Tribunal Federal (STF) deu 15 dias para que Raquel Dodge, procuradora-geral da República, decida se oferece denúncia ou não contra Maia.

Ouro: maior patamar de abril de 2013

Com a aversão ao risco, os investidores, além de se refugiarem no dólar, também buscaram proteção no ouro. Nesta terça, o metal precioso terminou na maior cotação desde abril de 2013.

No fim, o ouro teve alta de 0,95%, fechando nos US$ 1.551,80 (R$ 6.452), a onça-troy (31,1035 gramas).

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