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Em dia de vaivém, dólar cai com dados fracos dos EUA, Trump e fala de membro do Fed

Queda inesperada nas vendas do varejo dos EUA, desmentido do presidente americano e sinalização de Charles Evans acabou por prevalecer sobre as dúvidas quanto ao acordo comercial e o Brexit

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Moeda americana chegou a negociar perto dos R$ 4,19 no pregão desta quarta, mas fechou longe das máximas–Foto: Pixabay

Após dois pregões de alta, o dólar chegou a disparar a R$ 4,188 pela manhã, mas encerrou em queda nesta quarta-feira (16). Com o alívio, que veio à tarde, a divisa americana ficou nos R$ 4,154, um recuo de 0,27%.

A disparada da moeda pela manhã foi causada pela ameaça da China reagir caso os EUA aprovem um projeto de lei que que apoia os protestos pró-democracia em Hong Kong, que foram alvo de críticas do governo chinês. A proposta foi aprovada na Câmara dos Representantes americana nesta terça (15) à noite e deve ser apreciada, agora, no Senado.


A reação poderia pôr em causa o acordo parcial, costurado na última semana, que é um primeiro passo para o fim da guerra comercial entre os dois países que dura há 18 meses e já afeta o crescimento das economias. Foi exatamente a divulgação de mais um dado que mostra a fraqueza da economia americana, devido à guerra comercial, que tirou a força do dólar registrada mais cedo.

Vendas do varejo e fala de Evans

Os dados de vendas no varejo americano indicaram recuo de 0,3% em setembro, a primeira queda desde fevereiro e abaixo do esperado pelos economistas, que previam uma alta de 0,2%.

O resultado indica que as tensões comerciais entre as duas maiores economias do mundo estão afetando a economia dos EUA e pesando sobre a confiança dos consumidores, levando-os a gastar menos. Se gastam menos, há menos pressão sobre a inflação, abrindo espaço para o Fed (Banco Central dos EUA) cortar mais os juros.

A queda no diferencial dos juros no Brasil e nos EUA é um dos motivos que vem pressionado o dólar, ao afastar, do país, investidores que ganham com especulação de taxas de juros. Como o nosso BC está reduzindo mais taxas aqui do que o Fed, o nosso juro está menos atrativo em relação a outros emergentes. Com os dados sinalizando enfraquecimento econômico, aumentam as expectativas de que esse diferencial aumente em favor do Brasil, o que atrai capital.

Também a fala de Charles Evans, presidente do Fed de Chicago, que também é membro do Copom de lá, o Fomc, animou por indicar que a autoridade monetária americana deve promover mais cortes dos juros. O mercado já vê espaço para uma redução de juros neste mês e também em dezembro.

Ele declarou que o Fed pode querer considerar cortar novamente as taxas de juros, dados os riscos para as perspectivas econômicas dos EUA, afirmando que se considerava “de mente aberta” para essa linha de raciocínio.

Na última reunião, o Fomc esteve dividido quanto à decisão de cortar os juros, a maior dissidência em três anos, o que deixou dúvidas sobre qual será o caminho que ser tomado no encontro do dia 30 deste mês.

Trump desmente possível retaliação

Além das vendas do varejo e da fala do membro do Fed, o desmentido do presidente dos EUA, Donald Trump, de que os relatos de retaliação chinesa eram falsos, também ajudou a melhorar o humor do mercado.

Para provar que a relação entre a China e os EUA vai bem e a primeira fase do acordo entre os dois países não será questionada, Trump afirmou que as compras de produtos agrícolas americanos pelos chineses já começaram há três semanas. É que esta fase do acordo inclui a compra pela China de itens agrícolas americanos entre US$ 40 bilhões e US$ 50 bilhões.

O presidente americano afirmou, porém, que há expectativa de uma assinatura oficial do acordo “fase 1” apenas quando houver um encontro com o primeiro-ministro chinês Xi Jinping, em novembro, no encontro da Cooperação Econômica Ásia-Pacífico (Apec, na sigla em inglês). A afirmação acabou esfriando o clima de otimismo.

Brexit

A possibilidade do Reino Unido e a União Europeia (UE) chegarem a um acordo de “divórcio”, que foi especulada ao longo do dia, foi outro ponto que melhorou o ambiente. Mas havia a expectativa de que o acordo para o Brexit (saída do Reino Unido da UE) fosse anunciado ainda neste quarta. Porém, as negociações vão continuar nesta quinta-feira (17).

Previdência: votação na data prevista

Os investidores também comemoraram a aprovação unânime da divisão dos recursos do megaleilão de petróleo do pré-sal, a chamada cessão onerosa, na véspera, o que deixa o caminho livre para a votação da reforma da Previdência no dia 22.

O presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), disse nesta quarta que há entendimento para a votação das mudanças previdenciárias na data prevista.

*Com agências

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