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Dúvidas com PIB levam dólar aos R$ 4,18 e Bolsa a ter maior queda no ano

Com sinais de fraqueza da economia brasileira no fim de 2019, moeda americana teve salto de 1,30%, enquanto o índice da B3 tombou para os 116.414 pontos nesta quarta (15)

Bárbara Leite

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No ano, Ibovespa ainda acumula alta; receio de queda de fluxo puxa moeda americana-Foto: Pixabay

O otimismo passou longe do mercado financeiro brasileiro nesta quarta-feira (15) e nem a tão aguardada formalização da primeira fase do acordo para pôr fim à guerra comercial iniciada há 18 meses, que vinha assombrando o humor, foi suficiente para animar os investidores.

Nos EUA, o dia foi de novos recordes nas Bolsas, apesar das valorizações terem sido ligeiras. O Dow Jones subiu 0,31% para 29.030 pontos, o S&P 500, 0,19% aos 3.289 pontos e o Nasdaq teve alta de 0,08% e terminou em 9.258 pontos.

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Por aqui, o Ibovespa, índice referência da Bolsa brasileira, foi na contramão e caiu 1,04%, o maior tombo de 2020 e a queda mais intensa desde 26 de novembro, terminando em 116.414 pontos. Ainda assim, o desempenho acumulado em 2020 está positivo, com elevação de 0,67%.

Já o dólar disparou 1,30% e foi aos R$ 4,185, depois de uma trégua na véspera.

Nos dois casos, o mercado se retraiu com as dúvidas sobre a retomada do crescimento econômico do Brasil no fim de 2019, depois da divulgação pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) nesta quarta de que as vendas do varejo em novembro, mês da Black Friday, também frustraram as expectativas. Antes, indústria e serviços também haviam registrado um novembro ruim.

“Os dados do varejo vieram abaixo das expectativas do mercado, fazendo os juros cair e confirmando cada vez mais a probabilidade de corte da Selic. A probabilidade de corte de juros implícita está em 65% de um corte de 25 pontos em fevereiro; na véspera, estava apenas em 50%”, disse Pablo Syper, diretor da Mirae Asset e colunista do Economia Bárbara. “O dólar alto também fez a Bolsar recuar”, acrescentou Syper.

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Uma nova baixa da taxa básica de juros, a Selic, que está em 4,50% ao ano, apesar de poder atrair mais pessoas a investir na renda variável, como a Bolsa, afasta, por outro lado, o investidor estrangeiro do país, que prefere deixar seu dinheiro investido nos EUA ou em outros mercados emergentes, como o mexicano, que paguem um juro mais alto.

Com a expectativa de que vai faltar dólar, em meio a uma nova baixa da Selic, o mercado correu atrás da divisa, e puxou a cotação da divisa americana nesta quarta.

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Além disso, um crescimento menor do que o esperado do Produto Interno Bruto (PIB, soma das riquezas produzidas em um país) brasileiro também tende a afugentar capital do país e esfria a expectativa de melhora no fluxo cambial, depois do saldo no ano passado ter sido o pior da história.

“A percepção de que a melhora na atividade no fim de 2019 reflete fatores pontuais (liberação de saques de até R$ 500 no FGTS de contas ativas e inativas) consolida expectativa de crescimento em lenta alta para os próximos anos”, segundo relatório do Banco Fator.

Se o PIB cresce menos, por conta da retomada mais lenta do consumo, isso significa que os ganhos das empresas cotadas também podem ser penalizados.

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Ações ligadas ao consumo, como as da Hering (HGTX3), estiveram entre as maiores baixas do dia. A rede varejista de moda teve queda de 3,27% e terminou nos R$ 32,21.

Bancos pressionados

As ações de bancos foram as que mais contribuíram para a perda do Ibovespa. Os papéis das instituições financeiras estão sendo impactados quer por uma expectativas de baixa nos juros, que deve se refletir em suas receitas, quer pela movimentação do Banco Central (BC) que pretende deixar o mercado mais competitivo.

Segundo noticiou o jornal “Valor Econômico” nesta quarta, o governo prepara uma série de medidas para facilitar o pagamento de contas de serviços públicos e tributos por parte de cidadãos e empresas, estudando ampliar o acesso de de fintechs, bancos pequenos e empresas de cartões aos serviços de recebimento.

As ações do Bradesco (BBDC4) recuaram 1,75% e as do Itaú (ITUB4), 1,23%.

Marfrig em alta

Nas altas, a liderança foi da Marfrig (MRFG3), que subiu 4,84%. O frigorífico teve avanço na sequência da notícia de que a empresa recebeu autorização para exportar carne produzida no Uruguai para a Arábia Saudita.

Também as informações de que um surto de gripe aviária na Romênia, que já teria vitimado mais de 11 mil aves, beneficiou o papel.

Dia da trégua comercial

Os EUA e a China assinaram, nesta quarta, na Casa Branca, um acordo parcial que representa a primeira trégua à guerra comercial iniciada há 18 meses.

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O pacto prevê, entre outras novidades, que os chineses comprem US$ 200 bilhões em produtos e serviços americanos, que reprimam a pirataria, que abram o setor financeiro aos americanos e que parem de exigir que empresas instaladas no país compartilhem tecnologia; em troca, tarifas impostas em setembro à China, de US$ 120 bilhões, terão corte pela metade.

*Com Reuters

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