Seu Bolso
Dólar vira e se aproxima de R$ 3,80, após fala do presidente do BCE; bancos pressionam Bolsa
Cautela de Mario Draghi jogou “balde de água fria” no humor do mercado
(Publicada às 13h37; atualizada às 19h17)
Depois de um começo animado com a sinalização de que a taxa básica de juros europeia poderia cair em setembro, a fala do presidente do Banco Central Europeu, Mario Draghi, jogou um “balde de água fria” sobre o humor dos investidores.
O dólar, que chegou a bater a marca de R$ 3,80 neste pregão, era negociado a R$ 3,79 com alta de 0,56%, pelas 12h27. No fechamento, a moeda dos EUA acabou com alta de 0,36% a R$ 3,7830, o maior nível desde 8 de julho.
“Foi a primeira vez que o dólar superou os R$ 3,80 depois da aprovação da reforma da Previdência no primeiro turno. O mau humor veio com as declarações de Mario Draghi de que os riscos de recessão ainda são baixos e que uma eventual redução de juros virá com medidas para mitigá-las. Isso significa que diminuiu a expectativa ‘dovish’ do mercado”, explicou Pablo Syper, diretor da corretora Mirae Asset.
Na coletiva de imprensa, na manhã desta quinta-feira (25), após divulgação da decisão de manter os juros na Zona do Euro e da sinalização, em nota, de um corte na taxa na reunião de 12 de setembro, Draghi foi mais cauteloso e evitou cravar uma decisão definitiva sobre o corte. Disse que o risco de recessão no bloco “é muito baixo” e que uma eventual redução dependerá das novas estimativas. “Queremos ver as próximas projeções econômicas antes de agir”, afirmou ele.
Mario Draghi também informou que serão lançadas medidas para mitigar o impacto da possível descida dos juros.
Uma redução das taxa básicas de juros lá fora tende a atrair capital para o Brasil. Com uma queda no exterior, os investidores estão dispostos a colocar seu dinheiro em países, como o Brasil, que apesar de serem emergentes, pagam um retorno mais elevado.
Além disso, com o corte do juro, que está sendo um movimento global –nesta quinta, a Turquia baixou a sua taxa básica, na semana passada, foram a Coreia do Sul e África do Sul–,os investidores tendem a aplicar seus recursos em ativos mais arriscados, como as ações em Bolsa, em busca de um retorno maior.
Já o Ibovespa, referência da Bolsa brasileira, que caía 1,01% para 103.071 pontos pelas 12h27, fechou com tombo de 1,41% a 102.654 pontos, pressionado também pelo recuo das ações de bancos, após a divulgação de resultado do segundo trimestre do Bradesco.
O segundo maior banco do país anunciou que teve alta de 25,2% no lucro líquido no segundo trimestre, resultado elogiado por alguns analistas mas que frustrou outros. No pregão, os títulos do Bradesco 5,82%, contaminando os papéis do segmento. O Banco do Brasil recuaram 4,22%; já o Itaú encerrou com queda de 3,08%.
Na contramão, as ações da Ambev fecharam o dia com alta expressiva de 8,52%, embaladas pelo aumento de 8,5% no lucro líquido no segundo trimestre.
Não sabe o que é postura ou tom ‘dovish’? #ABabiResponde!
O termo “dovish” faz referência a dove (pombo, em inglês). Responsáveis pelas políticas econômicas que têm uma postura ou tom “dovish” são mais sensíveis ao problema do desemprego e do crescimento da economia e, em função disso, dão menor prioridade ao combate à inflação.
Isso quer dizer que quando um banco central adota uma postura “dovish”, ele está mais tolerante a uma alta da inflação, e por isso, defende uma queda nos juros, por considerar que ela vai estimular a economia, embora essa queda deva provocar um barateamento do crédito, por consequência, uma alta no consumo, puxando os preços.
De maneira geral, a expectativa de uma postura “dovish, com queda nos juros, aumenta a atratividade de ativos mais arriscados, como ações.