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Dólar vai a R$ 4,15 com FMI, China e receio de PF contra Bivar respingar na Previdência

Real sofre nesta terça, acompanhando o movimento de outras moedas emergentes com a cautela em relação à guerra comercial e queda das commodities, além da operação policial que atinge o presidente do PSL, partido de Jair Bolsonaro

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Na semana passada, a divisa americana já havia acumulado valorização de 0,95%–Foto: Pixabay

Apesar de ter iniciado com viés de baixa, o dólar passou a subir e negociava na faixa dos R$ 4,15 no início desta tarde, com receios de que a ação da Polícia Federal (PF) contra Luciano Bivar, presidente do PSL, deflagrada nesta terça-feira (15), possa atrasar a reforma da Previdência. A moeda também é impactada pela revisão em baixa do crescimento econômico do Brasil pelo Fundo Monetário Internacional (FMI), além da fraqueza das commodities e dúvidas sobre o acordo entre EUA e China, que estão puxando a moeda a nível global.

Pelas 12h42, a divisa americana era negociada a R$ 4,15, com alta de 0,53%, depois de ter subido a R$ 4,128 nesta segunda-feira (14) e ter acumulado uma alta de 0,95% na semana passada.

“O real é uma das moedas emergentes com pior performance no mundo devido à cautela de que ação da PF contra o presidente do PSL possa respingar na aprovação da reforma da Previdência. Dentro do range dos últimos 40 dias (R$ 4,05-R$ 4,20), o dólar sobe com cautela sobre velocidade da aprovação da reforma. Se ação da PF atrasar de alguma maneira a votação da reforma, o dólar deve atingir novas máximas históricas”, explicou Pablo Syper, diretor de operações da Mirae Asset e colunista do Economia Bárbara.

Segundo Spyer, a alta resulta ainda do corte na previsão de crescimento da economia brasileira para 2020 pelo FMI, de 2,4% para 2%, que aponta para a possibilidade de cortes ainda maiores na taxa básica de juros do Brasil, a Selic, o que reduz a atratividade do chamado “carry trade”, que, por sua vez, estimula a saída de capitais do Brasil.

“Carry trade” consiste em pegar dinheiro em um país que paga uma taxa de juros mais baixa, como os EUA, e aplicar a quantia em outro destino que pague retornos maiores (caso de emergentes, como o Brasil.

O dólar sobe com a antecipação desse cenário: juros mais baixos no Brasil, que não serão acompanhados pela queda na mesma magnitude nos EUA, afastando do país investidores que ganham com especulação das taxas de juro. Com menos fluxo de capital, o dólar fica mais caro.

Para José Faria Júnior, da Wagner Investimentos, o real sofre com o movimento global de penalização de moedas de países dependentes de exportações de commodities (matérias-primas), devido à queda das cotações dos insumos.

PF contra presidente do PSL: risco político

Nesta manhã, a PF cumpriu busca e apreensão em endereço ligado a Luciano Bivar, deputado federal e presidente do PSL, partido do presidente Jair Bolsonaro.

Segundo a PF, há indícios de que os recursos destinados a três candidatas a deputados federais na última eleição– Maria de Lourdes Paixão, Érika Santos e Mariana Nunes–, foram usados “de forma fictícia” e “desviados para livre aplicação do partido e de seus gestores”.

Há medo de que a ação posso afetar a votação do projeto da divisão dos recursos do megaleilão da Petrobras da chamada cessão onerosa e, por tabela, atrasar a votação do segundo turno da reforma da Previdência, no Senado, que está marcada para o dia 22 de outubro.

Estava previsto que a votação da divisão dos recursos entre Estados e municípios fosse aprovada nesta terça na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE), para seguir para apreciação no plenário do Senado.

A defesa de Luciano Bivar classificou a busca e apreensão da PF como “situação fora de contexto”, disse “que o inquérito se estende há 10 meses e não há indícios de fraude”.

China: dúvidas sobre ‘fase 1’ do acordo comercial com EUA

Nesta terça (15), seguem as dúvidas sobre a “fase 1” do acordo comercial entre EUA e China, que já era dado como certo pelo presidente Donald Trump, na última sexta-feira (11). Segundo a Bloomberg, a China terá dificuldade em cumprir o acordado nesta etapa, quer era de elevar suas importações anuais de bens agrícolas dos EUA para US$ 50 bilhões a menos que Pequim remova tarifas regulatórias impostas a produtos americanos, o que exigiria uma ação recíproca do presidente Trump.

Nesta segunda, a Bloomberg já havia posto em dúvida as negociações após noticiar que a China queria uma nova rodada de conversas antes do presidente Xi assinar o acordo parcial, que além de bens agrícolas, inclui serviços financeiros e direitos de propriedade intelectual.

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