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Dólar sobe acima de R$ 4, após PIB dos EUA mais forte e à espera de sinalizações de BCs
Moeda americana, que caiu a R$ 3,99 na segunda, volta a subir, com cautela antes das decisões sobre os juros no Brasil e nos EUA, que tendem a deixar a divisa mais atrativa
O dólar é negociado em alta nesta quarta-feira (30), e se afasta dos R$ 4, no dia em que saem as decisões sobre o rumo dos juros no Brasil e nos EUA, que mexem com as expectativas do mercado financeiro.
Pelas 12h05, a moeda americana estava cotada nos R$ 4,025, com avanço de 0,54%. Nesta segunda-feira (28), a divisa fechou abaixo de R$ 4 pela primeira vez desde 15 de agosto, com os investidores apostando no Brasil após a aprovação da reforma da Previdência, que tende a equilibrar as contas públicas e ajudar no crescimento econômico, e com o esperado fluxo de capital com o leilão do pré-sal e privatizações.
Essa melhora no humor está sendo anulada nesta quarta pelas perspectivas de aumento do diferencial das taxas de juros no Brasil e nos EUA, que é favorável aos americanos, depois que o Produto Interno Bruto (PIB, soma das riquezas produzidas em um país) americano, divulgado nesta quarta, veio acima das previsões. A economia americana cresceu 1,9% no terceiro trimestre; as projeções indicavam alta de 1,6%.
A alta mais forte é mais um dado–além dos avanços para um acordo parcial entre EUA e China, que pode pôr fim à guerra comercial, e um Brexit (saída do Reino Unido da União Europeia) amistoso–, que deve fazer com que o Fed (BC dos EUA) interrompa o ciclo de cortes, depois da decisão desta quarta, em que deve reduzir a sua taxa básica em 0,25 ponto percentual, que está hoje entre 1,75% a 2% ao ano.
Se os juros param de cair lá e continuam aqui–a expectativa é que o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) corte a taxa básica de juros da economia brasileira (Selic) em 0,50 ponto (acima da redução americana) e continue a diminuição no encontro de 11 de dezembro–fica menos atrativo para os investidores trazerem dinheiro para o Brasil e outros emergentes.
Ou seja, essa perspectiva deve dar força para o dólar contra o resto das moedas do mundo, segundo José Faria Junior, diretor da Wagner Investimentos.
“Em termos globais, seguimos apostando na força do dólar. Por aqui, com a aproximação da entrada do fluxo do pré-sal, acreditamos que o dólar siga entre R$ 3,90 e R$ 4, em outras palavras, uma correção na longa tendência de alta do dólar no Brasil”, diz Faria Junior, em relatório distribuído aos clientes nesta quarta.
No exterior, o cenário era de alta do dólar contra as moedas emergentes, com o peso mexicano e o rand sul-africano registrando quedas contra a divisa americana.
O mercado aguarda agora a entrevista coletiva do presidente do Fed, Jerome Powell, prevista para as 15h30, e o comunicado do Copom, que sai após as 18h, para saber qual as perspectivas para o diferencial entre o juro brasileiros e o americano, que tende a pressionar o real em meio às boas expectativas de entrada de capital no país, via investimento produtivo.