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Dólar sobe a R$ 4,17, com risco de recessão europeia, Bolsonaro na ONU e Previdência no radar

Moeda americana fechou com alta de 0,42%, diante do mau humor do exterior e cautela com votação da reforma previdenciária e discurso do presidente do Brasil na Assembleia Geral das Nações Unidas nesta terça

Bárbara Leite

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Guerra comercial e tensões no Oriente Médio também geraram apreensão no mercado de câmbio–Foto:Pixabay

(Publicada às 11h05: atualizada às 17h48)

O dólar comercial ante o real fechou em alta de 0,42% para R$ 4,171 nesta segunda (23), diante de números na Europa que elevaram os temores de uma recessão, e à espera da votação da reforma da Previdência em primeiro turno no Senado e do discurso do presidente Jair Bolsonaro na Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU), que estavam previstos para esta terça-feira (24).

Lá fora, o dólar também registrou alta ante as principais moedas no mundo, mas caiu entre os emergentes. O Ibovespa, referência da Bolsa brasileira, seguiu o exterior e caiu 0,17% para 104.667 pontos.

“O índice PMI da Alemanha veio ruim, está cada vez pior. É isso que explica a alta do dólar nesta manhã. O DYX (que mede variação do dólar ante uma cesta de seis moedas fortes) também está subindo”, disse Pablo Spyer, diretor de operações da Mirae Asset e colunista do Economia Bárbara.

Nesta manhã, foram divulgados indicadores PMI (que medem a saúde financeira das indústrias) em diferentes países europeus, e todos vieram negativos, mostrando contração. Na Alemanha, a maior economia da Europa, o PMI industrial de setembro mostrou queda para 41,4 pontos, ante uma previsão de 44 pontos. Indicadores abaixo de 50 pontos mostram queda da atividade. Na Zona do Euro, o PMI industrial caiu para 45,6 pontos; a projeção era de 47,2 pontos.

Os dados sugerem que o impacto da guerra comercial entre EUA e China chegou com mais força na Europa.

Segundo Diego Sato, trader da Mesa de Câmbio Travelex Bank, no radar também esteve o colapso da operadora de viagens Thomas Cook, a mais antiga do mundo agência de turismo do mundo. Mais de 600 mil viagens foram canceladas. A operadora, que emprega 22 mil pessoas, tentou em vão conseguir uma injeção de capital neste fim de semana. Concorrência de agência online e indefinição do Brexit (saída do Reino Unido da União Europeia) explicam a queda dos negócios da empresa nos últimos tempos.

Reforma da Previdência e fala de Bolsonaro na ONU

O mercado também aguardava ansioso a votação da reforma da Previdência em primeiro turno no Senado. Os estrangeiros querem esperar a aprovação das mudanças previdenciárias para colocarem dinheiro no país.

À tarde, o presidente do Senado, Davi Alcolumbre, veio informar que a votação foi novamente adiada, agora para quarta (25). A alteração seria a transferência, de quarta-feira para terça-feira, da sessão do Congresso Nacional que irá apreciar vetos presidenciais e a Lei de Diretrizes Orçamentárias. Matéria da “Folha.com”, porém, dá conta que a pressão de parlamentares por aprovação de emendas foi a responsável pelo adiamento.

O discurso da abertura da 74ª Assembleia Geral da ONU de Bolsonaro em meio à indignação internacional com o tratamento dado pelo governo brasileiro ao desmatamento da Amazônia, também deixou os investidores apreensivos.

O posicionamento do governo diante do aumento das queimadas pode colocar em causa o acordo entre o Mercosul e a União Europeia, depois que várias empresas, como a VP Corporation, dona das marcas Timberland e Kipling,e a segunda maior varejista de moda do mundo H&M, terem suspendido a importação de couro brasileiro até constatarem que o produto não contribui para os danos ambientais.

Agravamento da guerra comercial entre EUA e China

Também penalizou a moeda a expectativa frustrada de um acordo entre EUA e China para porem fim à guerra comercial entre os dois países. Na semana passada, saiu a notícia pela CNBC que a delegação chinesa foi aos EUA para negociar, mas voltou mais cedo para casa. Entretanto, os EUA ameaçaram, na ausência de um acordo comercial, de tarifar produtos chineses em até 100%, mesmo depois de terem liberado de tarifação 437 produtos da China.

Entretanto, nesta segunda-feira, uma reportagem do grupo estatal Yicai, diz que a China não cancelou as visitas planejadas a fazendas nos EUA, afirmando que as negociações na última semana tiveram “um bom resultado”.

As atenções também continuaram voltadas para as relações tensas no Oriente Médio com a Guarda Revolucionária do Irã pronta para combate e pedindo para que potências do Ocidente deixem o golfo Pérsico, mesmo com os EUA dizendo que não gostariam de uma guerra, segundo Alvaro Bandeira, economista-chefe do banco digital Modalmais.

A alta se deu apesar do Banco Central ter entrado no mercado para tentar diminuir a pressão sobre a moeda e conter seu avanço, com novas operações de venda de dólar no mercado.

*Com agências

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