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Dólar fecha no 2º maior nível da história com onda de protestos no Chile e impasse EUA-China

Moeda americana terminou nos R$ 4,187, com risco-país subindo; desde o leilão da cessão onerosa, que frustou as expectativas dos investidores, a divisa acumula valorização de 4,85%

Bárbara Leite

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Em 2019, moeda americana soma alta de 8,12%, puxado pela cautela em relação à guerra comercial entre EUA e China–Foto: Pixabay

O dólar voltou a subir nesta quarta-feira (13), terminando com alta de 0,48% nos R$ 4,187, o segundo maior nível da história, em meio à onda de protestos no Chile e instabilidade em outros países da América Latina, além do impasse nas negociações do acordo comercial entre os EUA e a China. No pior momento do pregão, moeda americana chegou aos R$ 4,195.

O valor da moeda americana ante o real é mais baixo apenas que o do dia 13 de setembro de 2018, quando a divisa terminou a R$ 4,1957 na venda.

“Hoje a alta foi Chile e EUA- China também. O risco-país aumentou um pouco e estava nos 121 pontos, enquanto o dólar chegou quase a R$ 4,20 nas máximas do dia. Houve um impasse nas negociações EUA-China, mas foi aversão a risco na América Latina que penalizou muito as moedas locais”, explicou Pablo Syper, diretor da corretora Mirae Asset, que estará, nesta sexta-feira (15), no curso de Neurotrading, da bióloga e especialista do mercado financeiro, Danielle Gurgel, para falar sobre dias de estresse do mercado financeiro como os desta quarta.

A divisa americana acumula alta de 8,12% no ano, e começou sua nova escalada exatamente quando quebrou a barreira dos R$ 4 e se aproximava dos R$ 3,90, depois da aprovação da reforma da Previdência. O estopim para a alta foi a frustração com os leilões do pré-sal, na semana passada, que tiveram participação fraca de empresas estrangeiras, derrubando as expectativas de quem acreditava que iriam entrar muitos dólares no país.

A moeda ganhou força com o aumento das incertezas no Chile, que levaram o presidente Sebastián Piñera a aceitar mudar a Constituição, e a renúncia de Evo Morales da Presidência da Bolívia neste domingo (10), que coincidiram com a soltura do ex-presidente Lula na última sexta-feira (8).

Desde 6 de novembro, dia do leilão do petróleo do pré-sal da cessão onerosa, o dólar avança 4,85%. A moeda dos EUA sobe forte também contra peso chileno (+6,2%) e peso mexicano (+1%) no período.

Além disso, os protestos em Hong Kong continuaram nesta quarta-feira. Carrie Lam, chefe do Executivo do território, negou atender os pedidos dos manifestantes, que pedem a anistia aos civis presos e investigação independente sobre a violência policial.

“Resumidamente, os protestos em Hong Kong e no Chile indicam que a população pode se organizar para pedir mudanças na política social do país (desde o advento da “Primavera Árabe”, os protestos são mais intensos e mais bem sucedidos). Não há sinais de que o Brasil terá onda de protestos (como tivemos em 2013), mas estamos hoje mudando as regras (PEC e leis) para reduzir o tamanho do Estado e a esquerda está mais forte devido a soltura de Lula. Assim, não há ambiente para aprovar reformas mais duras (desejo do mercado) e o governo precisará negociar para não sofrer muita desidratação nos projetos que estão no Congresso”, segundo relatório, divulgado pela manhã, por José Faria Júnior, diretor da Wagner Investimentos.

EUA-China

Nesta quarta, o mercado continuou reagindo à fala do presidente dos EUA, Donald Trump, da véspera. Trump disse que pretende fechar a “fase 1” do acordo comercial com a China, mas alertou que poderá elevar as tarifas substancialmente caso as negociações fracassarem. Na semana passada, os chineses comentaram que os dois países concordaram em remover as tarifas “em fases”, mas o presidente americano nega o acordo.

O presidente chinês, Xi Jinping está no Brasil para a 11ª Cúpula dos Brics (grupo dos países emergentes que integra Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul. O país fechou 9 tratados com o Brasil. O ministro da Economia, Paulo Guedes, disse que há conversas entre o Brasil e a China para criar uma área de livre comércio.

Powell

O discurso aguardado pelo mercado do presidente do Fed (banco central dos EUA), Jerome Powell acabou por não mexer no humor no mercado. Em depoimento no Congresso, Powell sinalizou que não haverá novos cortes nos juros no encontro de 11 de dezembro, deixando os juros “em espera”, mas a postura pode mudar se o “‘outlook’ (cenário) mudar substancialmente”.


Reforçou que a política monetária não tem caminho pré-definido e que, em determinadas situações, a política fiscal é ponto-chave na reação contracíclica.

*Com Reuters

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