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Dólar encosta em R$ 3,85, com Fed, Copom e Trump

Moeda dos EUA, que chegou a cair no pregão, terminou com alta de 0,79%, na maior cotação desde 2 de julho

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Dólar teve a quarta alta consecutiva-Foto:Reprodução

Em pregão turbulento, o dólar fechou no maior nível em um mês, após o presidente Donald Trump tuitar que taxará mais produtos chineses e repercutindo dois eventos da véspera: fala de Jerome Powell, presidente do Fed (banco central dos EUA), e o corte mais arrojado na taxa básica de juros do Brasil, a Selic.

No fechamento, a moeda dos EUA foi a R$ 3,848, com uma alta de 0,79%, depois de ter passado de R$ 3,82 na véspera. Trata-se do quarto aumento da divisa seguido e o maior patamar desde 2 de julho. Na sessão, a divisa até chegou a cair mas aprofundou o tombo com o anúncio do Trump.

Após nova rodada de negociações, o presidente americano anunciou que vai aplicar tarifas de 10% sobre US$ 300 bilhões em produtos importados da China a partir de 1º de setembro.  Se confirmada, a medida agrava a guerra comercial entre os países, que começou em 2018, aumentando os receios de que uma desaceleração das duas maiores economias do mundo possa derrubar o crescimento mundial e de países dependentes das suas compras, como o Brasil.

O tuíte repercutiu também nas cotações do petróleo, que caíram 7,16% nos EUA, com temor de queda da demanda com intensificação da guerra comercial, e na Bolsa. O Ibovespa, referência da Bolsa brasileira, perdeu fôlego e encerrou com uma alta de 0,31%, depois de subir mais de 1%.

Mais cedo, o mercado ainda repercutia o discurso que Powell deu na véspera, após anúncio de 0,25 ponto percentual na taxa básica de juros local. O chefe do BC do EUA disse que o movimento era apenas um ajuste de meio de ciclo, que tem como principal objetivo sustentar o crescimento da economia em níveis atuais, e não uma tendência. O mercado esperava novos cortes até ao fim do ano. Reduções dos juros por lá tendem a atrair capital ao Brasil, de investidores que buscam maior retorno.

A fala de Powell impactou ainda mais o mercado depois do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) reduzir em 0,50 ponto percentual a taxa básica de juros brasileira e sinalizar novos cortes até ao fim do ano, o que deixará os ativos menos atrativos no Brasil. O mercado já espera que a Selic, hoje em 6%, fique em 5% no fim de 2019.

 Como a postura do BC brasileiro é de avançar nos estímulos e reduzir ainda mais a taxa, e nos EUA, o tom é inverso, essa diferença nas taxas tende a fazer com que o capital continue nos EUA e não migre para países emergentes, como o Brasil. Se não entram dólares, o real fica enfraquecido.

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