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Dólar caminha para recorde histórico; real é a moeda com maior desvalorização no mundo

China sobe o tom na guerra comercial e assusta mercados, em dia de feriado nos EUA; anúncio de controle de capitais na Argentina foi outro fator que levou a moeda americana a fechar com alta de 1% nos R$ 4,184 nesta segunda

Bárbara Leite

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Em agosto, moeda americana somou avanço de 8,50%, o maior desde setembro de 2015-Foto: Reprodução

Impactado pelo agravamento da guerra comercial entre EUA e China e controle de capitais na Argentina,– em dia de baixa liquidez, devido ao feriado nos EUA–, o dólar atingiu, nesta segunda (2), um novo recorde do ano e se aproximou do maior patamar já alcançado na era do Real, que foi de R$ 4,1957, em 13 de setembro do ano passado.

No fechamento, a moeda americana subiu 1% para os R$ 4,184. Com a disparada, o real foi a moeda que mais se desvalorizou no mundo, em uma cesta com as 24 principais divisas de países emergentes, segundo dados da agência Bloomberg. Atrás ficaram o peso colombiano, o peso chileno e o peso mexicano. Na outra ponta, o peso argentino reagiu às medidas de controle de capitais anunciadas neste domingo (1º) e foi a divisa que teve maior valorização nesta segunda-feira (2).

“O dólar subiu devido à escalada da guerra comercial entre EUA e a China neste domingo. O baixo volume, por conta do feriado nos EUA, acentuou essa alta. Além disso, os estrangeiros ainda não acreditam que a reforma da Previdência vai passar, o que traz maior pressão sobre o dólar. O controle de capitais argentino também pesou. Agora, aumentaram as chances do Banco Central anunciar novos leilões de venda de dólares à vista”, disse Pablo Syper, diretor de operações da Mirae Asset e colunista do Economia Bárbara, logo após o fechamento do mercado.

Entretanto, o BC anunciou que vai vender, nesta terça-feira (3), até US$ 580 milhões em um leilão à vista em conjunto com uma operação de swap inverso (que corresponde à compra de dólares no futuro). Com a venda de dólares à vista, a autoridade visa aumentar a liquidez do mercado e, dessa forma, tentar conter a alta da divisa americana.

China sobe o tom na guerra comercial

Neste domingo (1º) passaram a valer as novas tarifas americanas, de 15%, sobre uma série de produtos chineses no domingo–incluindo relógios inteligentes e TVs de tela plana–, enquanto a China começou a cobrar novas tarifas, inesperadas, sobre o petróleo americano.

De acordo com a Bloomberg, China entrou com um processo contra os EUA junto à Organização Mundial do Comércio (OMC) por causa das tarifas americanas, informou o Ministério chinês do Comércio nesta segunda, depois de ter tentado, em vão, um adiamento das taxas com os americanos.

Como, nesta segunda é feriado do Dia dos Trabalho nos EUA, os mercados americanos não reagiram às contra-medidas chinesas. Nesta terça, uma abertura mais negativa nos EUA pode impactar o dólar por aqui de novo, segundo Spyer.

Um agravamento da guerra comercial tende a enfraquecer as duas maiores economias do mundo e a impactar o resto do mundo, incluindo o Brasil, que é dependente da venda de commodities (matérias-primas), mais vulnerável a uma queda na demanda global.

A melhora dos dados da indústria chinesa, que ajudava a Bolsa pela manhã, foi esquecida no mercado de câmbio.

Para o diretor da Mirae, a pesquisa Datafolha, que revela um aumento da reprovação ao governo Bolsonaro, não impactou no humor do mercado.

Já o anúncio argentino, que ajudou o peso, acabou pressionando a divisa americana no Brasil. Segundo as novas regras, as pessoas físicas serão limitadas a comprar ou transferir para contas no exterior até US$ 10 mil por mês, enquanto que os exportadores terão de pedir permissão antes de comprar moeda estrangeira e metais preciosos.

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