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Dólar cai a R$ 4,05 após dados do emprego dos EUA; real é a moeda que mais valoriza no mundo
Investidores se animaram com o relatório do mercado de trabalho americano que sugere que a economia está enfraquecida, aumentando as chances de corte dos juros por lá
O dia começou bem para a moeda americana. O dólar, que iniciou os negócios em queda de 0,60%, acentuou o tombo após a divulgação de dados do emprego dos EUA, que ficaram abaixo do esperado, deixando o real como a moeda que mais ganha valor nesta sexta-feira (6).
Pela 10h58, a moeda americana recuava 1,26% para R$ 4,058. Com isso, o real batia a alta das 17 principais moedas do mundo ante o dólar, como o euro ou o dólar canadense, segundo dados da Bloomberg.
Os investidores se animaram com a divulgação, às 9h30, do relatório emprego do mercado de trabalho dos EUA, o chamado “Payroll”. O Departamento do Trabalho americano anunciou que o país criou 130 mil vagas em agosto, contra 150 mil previstas, sugerindo que a economia está enfraquecida e sem força para gerar vagas.
Além disso, outros dois números, divulgados nesta semana, reforçaram essa leitura: o ISM (Instituto de Gestão de Suprimentos) revelou que o índice de emprego da indústria (ISM-Manufatura Emprego) caiu de 51,7 para 47,4 entre julho e agosto, enquanto o índice de emprego das empresas não-industriais (ISM Não-Manufatura Emprego) recuou de 56,2 para 53,1. Estes indicadores avaliam se o emprego cresceu, diminuiu ou permaneceu no mesmo nível no mês. Neste caso, os dados indicam que o emprego nos EUA está caindo.
E por quê os dados ruins do emprego americano estão sendo considerados positivos pelos investidores? É que os números dão suporte para que o Fed (Banco Central dos EUA) siga cortando seus juros, em uma medida para animar a economia em desaceleração e elevar os empregos. Cortes de juros nos EUA tendem a atrair capital para países emergentes, como o Brasil, uma vez que os investidores aceitam se arriscar um pouco mais para conseguir juros mais altos.
“Os dados do emprego nos EUA dão sinais da perda do vigor de criação de vagas, fato que ajuda o Fed a cortar os juros”, disse José Faria Júnior, diretor da Wagner Investimentos.
Pablo Syper, diretor de operações da Mirae Asset e colunista do Economia Bárbara, considera que “o Payroll bem abaixo do esperado amplia, com força, as probabilidades implícitas de um corte de 25 ponto percentual, e inclusive as de 50 ponto nos juros dos EUA”.
A próxima reunião do Fed está prevista para o dia 18 deste mês e aumentaram as apostas de que a autoridade possa promover um novo corte, após a redução em 0,25 ponto percentual no último dia 31 de julho, a primeira em 11 anos.
Nesta sexta, o mercado vai seguir atento ao discurso do presidente do Fed (Banco Central dos EUA), Jerome Powell, previsto para 13h30, que pode sinalizar com mais clareza a tendência da autoridade de voltar a reduzir os juros.
O presidente dos EUA, Donald Trump, após a divulgação dos dados fracos do emprego e sabendo que Powell vai discursar já cutucou o líder do BC dos EUA, sugerindo que ele é culpado pela desaceleração dos empregos no país.
“Eu concordo com @jimcramer, o Fed deve baixar as taxas. Eles demoraram para aumentar e atrasaram para cortar – e o aperto quantitativo em grandes doses também não ajudou muito. Onde eu encontrei esse cara, Jerome? Oh, bem, não podemos vencer sempre!”, disse, pelo Twitter.