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Com pedido de impeachment de Trump, Bolsas na Europa afundam; Ásia fecha negativa
Cautela predomina nos mercados de ações nesta quarta-feira, após anúncio na véspera de investigação contra o presidente americano
Aumento das incertezas após anúncio da véspera da abertura de processo de impeachment contra o presidente dos EUA, Donald Trump, faz as Bolsas europeias afundarem nesta quarta-feira (25).
A queda é forte e generalizada. Pelas 8h20, o DAX, índice da Bolsa da Alemanha, recuava 1,15% e o CAC40, da Bolsa francesa, caía 1,54%. O principal índice da Bolsa espanhola, o IBEX35, tombava 1,22%, enquanto o indicador do mercado de ações de Portugal, o PSI20, desvalorizava 1,95%. Em Londres, o FTSE registrava queda de 0,80% à mesma hora.
Mais cedo, as principais Bolsas da Ásia também fecharam negativas com a investigação do presidente americano e com o que ele falou na Assembleia Geral das Nações Unidas (ONU). O índice da Bolsa da China recuou 1%, o de Hong Kong caiu 1,28%, o do Japão (-0,36%), o da Coreia do Sul (-1,32%) e o indicador de Taiwan encerrou com baixa de 0,41%.
Trump voltou a acusar a China de manipulador de câmbio, de desvalorizar artificialmente sua moeda, o yuan, para deixar seus produtos exportados mais baratos e competitivos no mercado americano. Também disse que não aceitará nenhum acordo ruim para os EUA.
O discurso ocorreu um dia após as esperanças sobre um acordo entre as duas potências terem sido renovadas, depois que o secretário de Tesouro dos EUA, Steven Mnuchin, ter afirmado que as negociações seriam retomadas em duas semanas.
Em resposta aos comentários de Trump, o ministro de Relações Exteriores chinês, Wang Yi, alertou que a separação das economias da China e dos EUA é uma rota que levaria a “problemas infinitos” para ambos os países. Para Wang, “dissociar-se da economia chinesa seria dissociar-se de oportunidades e do futuro”.
Impeachment: cautela prolongada
Embora o mercado não acredite que Trump vá sofrer impeachment- ele tem maioria no Senado- há receios que o evento possa impactar no avanço das negociações entre EUA e China e que a investigação se prolongue e cause mais incerteza política e paralisia na administração local.
Esse cenário deverá impactar toda a economia mundial, incluindo o Brasil.
“Um presidente que passa de controlador do noticiário para se tornar reativo ao noticiário e a fatos produzidos na Câmara perde poder de narrativa (seu grande trunfo)”, disse o cientista político Thiago de Aragão, da Arko Advice.
Pela Constituição americana, impeachment é uma figura jurídica equivalente à do indiciamento. A palavra final para o possível afastamento de Trump cabe ao Senado, onde o Partido Republicano detém maioria. No momento, a tendência é a de que o impeachment não seja concluído, mesmo se for aprovado na Câmara.
O pedido foi feito às 18h (horário de Brasília) desta terça, já após os mercados estarem fechados, pela líder democrata e presidente da Câmara, Nancy Pelosi. Os democratas acusam Trump de usar o cargo para perseguir um adversário político, após um telefonema feito, há dois meses, ao presidente da Ucrânia, Volodmir Zelenski.
A suspeita é de que Trump teria bloqueado uma ajuda militar de US$ 391 milhões para pressionar o líder ucraniano a investigar o ex-vice-presidente Joe Biden, e candidato à Casa Branca para 2020, e seu filho, advogado de uma empresa ucraniana de energia.
“O presidente precisa ser responsabilizado pelos seus atos”, disse Pelosi. “Ninguém está acima da lei.” Segundo placar do jornal “New York Times”, a destituição de Trump tem o apoio de 179 dos 435 deputados, 183 não definiram voto e 73 são contra. São necessários 218 votos. Ou seja, para obter maioria, os democratas precisam virar o voto de 39 parlamentares.
Agora, a Comissão de Justiça da Câmara investigará se houve crimes que justifiquem que Trump seja impedido de exercer o cargo. Em caso afirmativo, a Câmara vota pelo impedimento, que é aprovado por maioria simples.
*Com agências