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Com FGTS ‘mais magro’ e queda maior na Selic, dólar vai a R$ 3,77 e Bolsa cai
Nesta terça, mercado reagiu à possível limitação das retiradas do fundo a R$ 500 e projeções de tombo maior da taxa básica
O pregão desta terça-feira (23) foi negativo para o dólar e a Bolsa brasileira, a B3. No fechamento, a moeda dos EUA fechou em alta de 0,90% a R$ 3,773, o maior avanço desde 14 de junho (1,16%), e o maior valor desde o dia 8 deste mês (R$ 3,808). O Ibovespa, principal índice da Bolsa brasileira, terminou o dia em queda de 0,24%, caindo abaixo dos 104 mil pontos, a 103.704,28 pontos.
O gatilho para o mau humor foi dado na véspera, quando foi ventilado que o governo afinal não iria permitir que o trabalhador sacasse até um terço do seu saldo do FGTS, mas apenas R$ 500 por conta. Esse “FGTS mais magro” tende a injetar menos dinheiro na economia, a estimular menos o consumo e as vendas das empresas, podendo não trazer o impacto esperado na confiança e no crescimento econômico. A projeção inicial era de que a liberação injetasse R$ 42 bilhões na economia, número semelhante aos R$ 44 bilhões no governo Temer, número que caiu para R$ 30 bilhões.
Na B3, as ações das varejistas tombaram: Magazine Luiza (-2,16%), Americanas (-1,47%), Renner (-2,10%) e Via Varejo (-1,84%).
Já os papéis da construção civil recuperaram as perdas recentes, já que o “FGTS mais magro” foi decidido para atender o setor, que temia falta de financiamento para as suas obras do Minha Casa Minha Vida. A Cyrela teve alta de 2,34%, enquanto a MRV valorizou 1,41%.
Outro fator que afetou os negócios nesta terça foi o aumento das expectativas de que o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) possa ser mais “ousado” na quarta-feira que vem e decida cortar a taxa básica de juros, a Selic, dos atuais 6,50% para 6%, em vez dos anteriormente petrificados 0,25 ponto percentual. As apostas aumentaram depois que o IBGE divulgou nesta manhã que o IPCA-15, a chamada inflação oficial, variou apenas 0,09%, abaixo das previsões.
O BofA (Bank of America) Merrill Lynch foi um dos bancos a divulgar relatório logo após a divulgação da prévia da inflação prevendo um corte de 0,50 ponto na Selic no próximo dia 31. Para o ano, projeta até que a taxa básica fique abaixo de 5%, nos 4,75%.
Diante da previsão de que o banco central dos EUA, o Fed, vai reduzir a sua taxa em 0,25 ponto também na quarta, dia 31, um corte maior na taxa Selic de 0,50 ponto tende a desestimular o interesse dos investidores no Brasil, que vão procurar mercados que paguem um um juro mais alto.