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Com esfriamento do acordo EUA-China, Selic a 4% e IBC-Br, dólar vai a R$ 4,13

Moeda americana volta a ter pregão negativo, com perspectivas de novos cortes no juro básico, que afastam investidores do país, além de dúvidas sobre avanços para o fim da guerra comercial

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Moeda americana fechou a semana passada com valorização de 0,95% –Foto: Reprodução

(Publicado às 14h56; atualizado às 17h45)

O dólar, que já abriu em alta nesta segunda-feira (14), após dúvidas em relação ao acordo comercial parcial entre EUA e China, agravou a valorização com a divulgação dos dados mais fracos do IBC-Br (prévia do PIB brasileiro) e da revisão em baixa das projeções para a taxa básica de juros da economia, a Selic, no Boletim Focus, e pelo Itaú Unibanco.

No fechamento, o dólar ficou nos R$ 4,128, com uma alta de 0,81%, depois de ter encerrado em R$ 4,095 na sexta-feira (11).

“Tanto o IBC-Br quanto a revisão em baixo do IPCA pressionam o dólar. O mercado já vê a Selic a 4% em 2020. Os juros estendem a queda e pressionam o dólar para cima, com a redução do ímpeto pelo ‘carry trade’. Sem esquecer da revisão do otimismo sobre o acordo entre EUA e China”, disse Pablo Spyer, diretor de operações da Mirae Asset e colunista do Economia Bárbara.

O mercado já abriu com mau humor, depois que a Bloomberg, citando pessoas familiarizadas com o assunto, noticiou que a China queria uma nova rodada de conversas antes do presidente Xi assinar a “fase 1″do acordo, que foi dado como certo na última sexta-feira (11) pelo presidente dos EUA, Donald Trump. Segundo a agência, os chineses querem que os EUA desistam da imposição de novas tarifas em dezembro.

Além disso, o tom da mídia chinesa contrasta com a euforia de Trump. Por lá, a ideia é que nas negociações da semana passada, as partes não chegaram a um acordo parcial, apenas os dois lados “concordaram em fazer esforços conjuntos para, eventualmente, alcançar um acordo”.

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Entretanto, o secretário do Tesouro americano, Steven Mnuchin disse, em entrevista à CNBC, nesta segunda-feira (14), estar confiante que a primeira fase do acordo vai ser assinada pela China.

“Fizemos progressos substanciais na semana passada nas negociações”, disse Mnuchin durante uma entrevista à “Squawk Box” da CNBC. “Temos um acordo fundamental que está sujeito apenas à documentação (…) Acredito que a fase 1 do acordo vai ser fechada”, contou.

Selic a 4%, Boletim Focus e IBC-Br

Além do esfriamento com o acordo comercial, o dólar salta em razão de novas apostas da Selic ainda menor, suportadas por novos dados que mostram fraqueza da economia e por revisões em baixa da taxa de inflação. O Itaú Unibanco cortou nesta segunda-feira (14) as estimativas para a Selic dos anteriores 5% para 4,50% ( fim de 2019) e para 4% (março de 2020).

Para o banco, a inflação mais baixa dá espaço para o Banco Central (BC) cortar os juros, que estão em 5,50% ao ano, em uma intensidade até maior do que a esperada anteriormente. A trégua comercial, anunciada na sexta, é outro motivo que vai pressionar menos o dólar, e com isso, gerar menos inflação.

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Nesta segunda-feira (14), também o Boletim Focus, que traz as projeções de cerca de cem analistas do mercado financeiro, já reflete o recuo nas projeções para a inflação oficial medida pelo IPCA, depois que o IBGE na semana passada informou que setembro teve uma deflação maior do que a esperada e a Aneel prever baixar a taxa da bandeira amarela da conta da luz, até ao final do ano.

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Segundo o Boletim Focus, a inflação em 2019 deve ficar em 3,28%, contra 3,42% esperados antes; em 2020, o IPCA caiu de 3,78% para 3,73%.

O fraqueza da economia brasileira já revelada na semana passada pelos dados de agosto do varejo, que subiram menos que o esperado, e dos serviços, que recuaram no mês, foi confirmada nesta segunda pela IBC-Br, uma espécie de prévia do PIB (Produto Interno Bruto, soma das riquezas em um país), medido pelo BC. O índice subiu apenas 0,07% em agosto, também abaixo do esperado, sinalizando que a retomada da economia segue lenta e não pressiona a inflação.

Os dados indicam que há uma menor pressão sobre os preços, que, por sua, vez, abre espaço para o BC cortar mais os juros, para animar a economia que cresce de forma lenta, sem gerar inflação.

Diminui a atratividade do ‘carry trade’

Como a expectativa é que o corte na taxa Selic não seja acompanhado na mesma amplitude pelas taxas de juros nos EUA, fica menos interessante fazer o chamado “carry trade” (quando se pega o dinheiro em um país que paga uma taxa de juros mais baixa, como os EUA, e se aplica a quantia em outro destino que pague retornos maiores (caso de emergentes, como o Brasil)).

Com isso, vários investidores se afastam do Brasil, e com menos fluxo, o dólar sobe ante o real.

Fora isso, ainda segue a cautela com a votação da reforma da Previdência, vista como essencial para o país equilibrar as contas públicas e ficar longe do grupo de países que dão calote.

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