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Com China e varejo, dólar volta a R$ 4,06, e real tem maior alta no mundo

Anúncio de retirada de taxas sobre 16 produtos americanos e surpresa com as vendas do comércio brasileiro em julho levaram a divisa dos EUA a fechar com queda de 0,76% nesta quarta

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Intenção do relator da reforma da Previdência no Senado de evitar um atraso ajudou a animar o mercado–Foto: Pixabay

Com alívio na guerra comercial e vendas do varejo brasileiro em julho bem acima do esperado, o dólar fechou o pregão desta quarta-feira (11) com queda de 0,76% para R$ 4,064. Com isso, o real foi a moeda que teve o melhor desempenho no mundo em uma cesta com a principais divisas de países emergentes, segundo dados da Bloomberg.

“A alta do real de hoje foi puxada pela vendas do varejo e o alívio externo”, disse Pablo Syper, diretor de operações da Mirae Asset e colunista do Economia Bárbara. Para Syper, o real se enfraquece sempre que as notícias apontam para um atraso na reforma da Previdência. “Nesta quarta, houve o sentimento de que a reforma, que ia se atrasar, não vai mais”, disse.

A alta do real se deu na contramão do exterior, que seguia pressionado na véspera da decisão do Banco Central Europeu (BCE). O mercado está na expectativa de que a autoridade anuncie novos estímulos para evitar uma recessão na Europa.

O anúncio do governo chinês de que vai retirar, no próximo dia 17, taxas sobre 16 produtos americanos, em um aceno para aliviar a guerra comercial com os EUA, também foi bem recebido pelo mercado. Na lista, não estão carne e soja, principais produtos da pauta comercial americana, mas o recuo é uma sinalização de paz antes da volta das negociações, programada para outubro.

Os analistas estão, no entanto, céticos quanto ao alcance desse alívio, se ele será suficiente para Donald Trump, presidente dos EUA, também anunciar “contra-isenções” ou aceitar os pedidos chineses de adiar a imposição de novas taxas. A depender do que escreveu no Twitter, a lista não sensibilizou Trump.

“A China suspende tarifas sobre alguns produtos dos EUA. As cadeias de suprimentos, muitos atingidas, se separam à medida que muitas empresas se deslocam, ou parecem se mudar, para outros países. Está saindo muito mais caro para a China do que se pensava ”, publicou.

Na cena doméstica, o destaque foram as vendas do comércio em julho que subiram 1%, contra os 0,2% esperados. Foi o melhor julho em seis anos e a maior alta desde novembro de 2018, mês da Black Friday (sexta-feira de descontos). O número anima, depois que os dados de junho e de maio foram revisados para cima, mostrando uma força maior do consumo.

Nesta quarta-feira, a notícia de que o relator da reforma da Previdência no Senado, Tasso Jereissati (PSDB-CE), vai retirar do texto da PEC da proposta previdenciária qualquer trecho que possa forçá-lo a retornar à Câmara dos Deputados também ajudou a aliviar o dólar.

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