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Após maior alta semanal em 2 meses, ‘Super-Quarta’ e guerra comercial vão testar dólar

Semana será de emoções fortes, com conversas entre EUA e China e decisões sobre os juros americanos e do Brasil

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Dólar acumulou valorização de 0,75% na semana passada-Foto: Reprodução

O mercado pode se preparar: a semana vai ser de fortes emoções, sobretudo, nesta quarta-feira (31), a já considerada “Super-Quarta”, que será marcada pelas decisões sobre trajetória de taxas básicas de juros por aqui e nos EUA.

A semana “começa” na terça (30), com a esperada retomada das conversas comerciais entre EUA e a China. Um avanço, que poderia pôr fim à guerra comercial de tarifas entre os dois países, pode animar os investidores e trazer alívio para o dólar, que fechou a semana passada na maior alta em dois meses (0,75%), a R$ 3,773.

A guerra comercial entre os dois países tem desacelerado o crescimento econômico das duas maiores economias do mundo. O conflito começou quando o presidente dos EUA, Donald Trump, em janeiro de 2018, aplicou taxas sobre máquinas de lavar e painéis solares chineses, alegando que o país praticava concorrência desleal.

O aumento da tarifação foi estendido para a importação de aço e alumínio dois meses depois e, em junho do mesmo ano, ele aplica uma taxa de 25% em mais de U$ 50 bilhões de produtos chineses, que vão de bolsas a material ferroviário.

Como forma de retaliação, o líder chinês, Xi Jinping também aplicou tarifas que variaram de 5% a 25% sobre a importação de 128 itens dos EUA, incluindo frutas, produtos químicos, carvão e equipamento médico. Paralelamente, a China tarifou ainda bens produzidos em distritos americanos com forte apoio ao partido Republicano, do presidente Trump.

‘Super-Quarta’ no radar: Fed

Depois de amanhã, as atenções se voltam para o dia 31. A “Super-Quarta” começa às 15h com a decisão do Fed (banco central dos EUA). O consenso é que a autoridade americana promova o primeiro corte nos juros em uma década, em um movimento para animar a economia americana, que patina.

Havia expectativa, ainda que reduzida, de que o Fed pudesse ir mais fundo e reduzisse a taxa básica acima dos previstos 0,25 ponto percentual, mas as declarações do presidente do Banco Central Europeu (BCE), Mario Draghi, na quinta-feira passada (25), abalaram essas projeções.

Draghi sinalizou que, talvez, nem em 12 de setembro, o órgão corte a sua taxa. Ele não vê urgência na queda por considerar que não há risco de uma recessão nos 19 países da Zona do Euro. O mercado, porém, acredita que o bloco europeu precisa de estímulos de imediato para crescer.

Um menor crescimento confirmado por lá é negativo para o Brasil, uma vez que as importações seriam reduzidas, impactando nas vendas de empresas exportadoras brasileiras, por exemplo.

Fora isso, um corte maior das taxa básicas de juros lá fora, por outro lado, seria positivo para o Brasil, pois tende a atrair capital para aqui. Com uma queda no exterior, os investidores estão dispostos a colocar seu dinheiro em países considerados “mais arriscados”, sem selos de bons pagadores, como o Brasil, na medida em que eles paguem um retorno mais elevado.

O corte dos juros básicos, que está sendo um movimento global –Turquia, Coreia do Sul e África do Sul baixaram semana passada–também estimula os investidores a aplicarem seus recursos em ativos mais arriscados, como as ações em Bolsa, em busca de um retorno maior, o que, em tese, puxaria a valorização da Bolsa brasileira. Essa fluxo estrangeiro, na corrida por reais, aliviaria a cotação do dólar.

Super-Quarta’ no radar: Copom

A decisão do Fed pode impactar o anúncio, por volta das 18h, do outro grande evento desta “Super-Quarta”: a decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) do Brasil sobre a trajetória da taxa básica de juros brasileira. A Selic está estacionada em 6,50% ao ano, menor patamar da história, desde março de 2018.

Diante de uma economia fraca e de uma inflação controlada-o IPCA-15, prévia da inflação oficial subiu 0,09% em julho, abaixo das previsões de mercado- o mercado dá como certa a redução na taxa. O tamanho do corte é a dúvida: 0,25 ponto (para 6,25% ao ano) ou 0,50 ponto (para 6% ao ano) Apostas de um corte mais agressivo de 0,50 ponto percentual ganharam força, mas a fala de Draghi acabou esfriando as projeções.

A redução segue a mesma lógica do motivo do mundo inteiro: visa ajudar na recuperação econômica, por meio de barateamento do crédito para o consumo.

A quarta tem ainda a divulgação dos resultados da Vale. Outras 18 companhias devem mostrar seus balanços do segundo trimestre do ano ao longo da semana.

Dados do desemprego, resultado fiscal e IGP-M, a chamada inflação do aluguel, de julho são outros itens da agenda financeira desta semana.

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