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Indústria de soja projeta criar 1,5 mil empregos diretos com novo teor do biodiesel

Estimativas são de Daniel Furlan Amaral, economista-chefe da Abiove, feitas a pedido do Economia Bárbara

Bárbara Leite

Publicado

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Com biodiesel, setor projeta virar maior produtor de soja do mundo-Foto: Divulgação

(Publicado às 14h10; atualizado às 16h14)

A indústria brasileira de soja projeta gerar 1.500 novos empregos diretos com a decisão da ANP (Agência Nacional de Petróleo) de liberar uma alta da adição, dos atuais 10% para 11%, de biodiesel ao óleo diesel vendido ao consumidor final a partir de 1º de setembro. Os cálculos são do economista-chefe Daniel Furlan Amaral, da Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove), feitos a pedido do Economia Bárbara.

Também serão criados postos de trabalho indiretos com o aumento da demanda por soja, mas Amaral ainda não soube quantificar.

O aumento do teor no diesel na bomba, autorizado nesta terça (6) pela reguladora, era um pleito antigo da Abiove. Como cerca de 80% do biodiesel no Brasil é produzido a partir do óleo de soja, a associação via na alta da mistura potencial para transformar o Brasil de segundo em primeiro maior produtor de soja do mundo. O cronograma da ANP prevê que a mistura aumente em um 1 ponto percentual por ano até o limite máximo de 15% até 2023.

“Temos de pensar grande e agregar mais valor (ao produto)”, disse recentemente o presidente executivo da Abiove, André Nassar, em referência ao processamento do grão para a produção do biodiesel.

Amaral calcula que o aumento do biodiesel adicionado ao diesel tem potencial para aumentar a demanda por esmagamento de soja em 870 mil toneladas em 2019 e em cerca de 5 milhões de toneladas em 2020 (considerando o teor de 12% já a partir de março). De janeiro a maio, último relatório disponível, foram esmagadas 7,41 milhões de toneladas de soja para atender à demanda do setor. 

Atualmente, o setor tem 50 indústrias autorizadas a produzir o biocombustível. Recentemente, o ministro das Minas e Energia, Bento Albuquerque, falou que a novidade poderia gerar investimentos no segmento na ordem dos R$ 700 milhões no período de 12 meses seguinte ao aumento da mistura, com aumento da capacidade para produzir e esmagar a soja.

Segundo ele, a iniciativa também permitirá uma economia da ordem de R$ 1,3 bilhão por ano com a redução da importação de diesel. “Teremos uma substituição direta de importação por biodiesel nacional, a partir de matérias primas cultivadas no país e com geração de investimento, (geram) emprego e renda no Brasil”, afirmou o ministro em discurso na abertura da Frente Parlamentar Mista do Biodiesel (FPBio), em Brasília (DF), no fim de maio.

O presidente Jair Bolsonaro também comemorou a decisão. “A partir de setembro o biodiesel representará 11% do total da mistura no óleo diesel consumido no Brasil (B-11). Nosso biodiesel é produzido com mais de 80% de soja, o que representa mais emprego no campo, redução de importação de diesel e menos poluição”, escreveu no Twitter.

Brasil pode liderar a “Opep Verde”

O presidente da Associação dos Produtores de Biodiesel do Brasil (Aprobio), Erasmo Carlos Battistella, acredita que o Brasil tem o potencial de ser protagonista global no mercado de biodiesel, liderando o que chamou de “Opep Verde”, uma sigla que faz alusão à Opep (organização dos países exportadores de petróleo).

“O Brasil tem grande oportunidade de liderar a ‘Opep Verde’ e, junto com Paraguai, Uruguai, Argentina, no Mercosul, pode ser o protagonista de um mercado que vai crescer muito”, relatou.

Segundo a associação, um aumento do teor do biodiesel vai melhorar a qualidade do diesel, reduzindo a emissão de efeito de estufa e elevando a qualidade do ar das cidades.

Diesel mais barato

Albuquerque também estima que a nova mistura possa reduzir o preço do diesel nos postos de combustíveis, já que o biodiesel é, em média, mais barato que o diesel.

A preços de maio, a redução prevista era de 3 centavos por litro do diesel.

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