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Acordo entre EUA e China pode atrapalhar agronegócio brasileiro e puxar dólar

Avaliação de André Perfeito, da Necton, é que o acordo parcial, que está sendo costurado entre as duas potências mundiais, deve impactar as exportações de soja do Brasil, e por tabela, pressionar a moeda americana

Bárbara Leite

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Desde 2015, a soja é o principal produto exportado pelo Brasil–Foto: Divulgação

O acordo parcial que os EUA e a China estão costurando, que inclui a compra pelos chineses de US$ 40 bilhões a US$ 50 bilhões de produtos agrícolas americanos, inclusive soja, pode trazer prejuízos ao agronegócio brasileiro, e ainda puxar mais a cotação do dólar, segundo André Perfeito, economista-chefe da Necton.

O complexo da soja (a produção de soja triturada, farelo, óleo bruto e refinado e proteínas e seus derivados) representou 17% das exportações brasileiras em 2018. A soja sozinha é, desde 2015, o principal produto exportado pelo país superando minério de ferro e óleo bruto de petróleo (ver gráfico abaixo).

“A questão na mesa é se a China se acertarem com os EUA talvez percamos espaço no importante mercado chinês e há bons motivos para preocupação”, afirma Perfeito.

Segundo os dados chineses de importações de soja, disponibilizados pela Bloomberg, as importações de soja daquele país eram praticamente iguais entre EUA e Brasil até 2017, mas de lá para cá os EUA foram colocados de lado e foi dado preferência ao produto brasileiro (ver gráfico abaixo). “Hoje as exportações de soja para a China são menos que o registrado em 2004 e isto de fato deve ter iniciado uma campanha agressiva no interior dos EUA por uma retaliação à economia chinesa”, avaliou.

Segundo o economista-chefe da Necton, “cabe o Brasil saber escoar sua produção para outros destinos e tentar reverter junto a Pequim eventuais alterações de preferência de compras daquele país que já baixou as tarifas para a soja americana. Um jogo de xadrez diplomático que o Itamaraty terá que se posicionar nos próximos meses”.

Alta do dólar

Além dos prejuízos ao agronegócio brasileiro, uma diminuição das exportações de soja brasileira à China pode pressionar mais o dólar “devido a uma balança comercial menos potente”, destaca Perfeito. Segundo ele, a “hipótese hoje ainda não se confirma, mas valida uma leitura de dólar mais pressionado”.

A corretora espera que a moeda americana termine o ano em R$ 4,15, acima do consenso do mercado, que é de R$ 4, de acordo com o Boletim Focus.

Nesta quarta-feira (16), o dólar segue em alta. Pelas 11h35, a divisa americana era negociada em R$ 4,177, com avanço de 0,29%, puxado pelas notícias de que a China pode retaliar os EUA, após o país aprovar legislação sobre direitos humanos em Hong Kong. O mercado vê que a represália pode pôr em causa a primeira parte do acordo comercial, acertado na última sexta-feira (11), que inclui justamente o aumento das compras agrícolas pelos chineses.

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