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Acidentes com Boeing devem atrasar fusão com Embraer, diz especialista

Publicação de mensagens internas de funcionários da fabricante americana sobre o 737 Max, envolvido em acidentes que mataram 346 pessoas, pode levar a novo adiamento da avaliação da união das empresas pela União Europeia, segundo Marcela Pedreiro, especialista em compliance e processos administrativos

Bárbara Leite

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737 Max da Boeing ao lado de E-190-E2 da Embraer: empresas se uniram para enfrentar concorrência–Foto: Reprodução

A fusão entre Embraer (EMBR3) e a Boeing deve atrasar mais com as novidades sobre a aeronave Boeing 737 Max, envolvida em dois acidentes que mataram 346 pessoas na Indonésia e na Etiópia, segundo a especialista em compliance e processos administrativos, Marcela Pedreiro.

“A União Europeia tem até abril deste ano para finalizar sua avaliação [sobre a fusão entre Boeing e Embraer]. Creio que essas notícias poderão impactar negativamente”, afirma Marcela.

A fala da especialista leva em conta a revelação de mensagens internas da Boeing publicadas na semana passada como parte da investigação do Congresso e do Senado dos EUA a respeito dos acidentes envolvendo o modelo 737 Max. Nas conversas, técnicos e funcionários da empresa demonstram desconfiança em relação à segurança da aeronave e zombavam as falhas.

“Este avião foi projetado por bobos da corte, que, por sua vez, são supervisionados por macacos”, disse um funcionário da Boeing em mensagem de 2017.

Leia também: Embraer espera concluir acordo com Boeing no início de 2020

De acordo com Marcela, “a autoridade antitruste da União Europeia vai querer analisar a situação de possíveis corrupções e utilização de produtos mais baratos e não os necessários para a segurança do avião para baratear as aeronaves“.

“Aqui no Brasil pelo Cade [Conselho Administrativo de Defesa Econômica] a decisão sobre a fusão deve sair em janeiro de 2020, sem problemas. Na União Europeia, isso estava previsto para março de 2020, mas parece, pelas notícias que estão postergando para 30 de abril de 2020”, disse a especialista.

No entanto, a especialista destaca que a Comissão Europeia não é a autoridade competente para analisar os acidentes dos aviões da Boeing.

“Os acidentes podem influenciar nos números e resultados da Boeing que sofrerão o impacto da redução das vendas do modelo, mas creio que já estão trabalhando nisso. Não acredito que a análise da UE esteja atrasada por conta dos acidentes mas por causa do volume de informações e documentos. O custo de manutenção das estruturas pré-aprovação da UE também é um desafio e tanto”, acrescentou.

Fusão

A fusão entre a Embraer e a Boeing, que foi assinada em janeiro de 2019, segue em avaliação pelos órgãos regulatórios de diversos países.

O acordo leva à criação de uma nova empresa na área de aviação comercial, a Boeing Brasil Commercial. A Boeing será controladora da empresa, com uma fatia de 80%, ao fazer um pagamento de US$ 4,2 bilhões à Embraer. A brasileira ficará com os 20% restantes, fatia que poderá vender para a americana a qualquer momento, por meio de uma opção de venda.

 Em novembro, a União Europeia havia suspendido a análise antitruste sobre a joint venture, afirmando que não recebeu informações suficientes das fabricantes de aviões.

Inicialmente prevista para o fim de 2019, a conclusão do negócio foi adiada para 2020.

Caso 737 Max

Em outubro de 2018, um 737 Max da Lion Air na Indonésia caiu e matou 189 pessoas. Cinco meses depois, outro 737 Max, dessa vez da Ethiopian Airlines, teve queda na Etiópia e matou 157 pessoas. Desde então, março de 2019, as operações com aviões desse modelo foram suspensas em todo o mundo.

O governo dos EUA anunciou na sexta-feira passada que vai aplicar uma multa de US$ 5,4 milhões (cerca de R$ 22 milhões) à Boeing por ter fornecido informações equivocadas sobre os aviões 737 Max.

A punição se soma à multa de US$ 3,9 milhões (R$ 16 milhões) que a reguladora do país já tinha aplicado à Boeing em dezembro do ano passado pelos problemas no 737 Max, indicou em comunicado a Administração Federal de Aviação (FAA, na sigla em inglês).

O centro da polêmica é uma parte das asas dos aviões 737 Max, chamada “slat tracks”, que serve para guiar a direção delas com o objetivo de facilitar aterrisagens e decolagens.

A FAA acusa a Boeing de não ter supervisionado adequadamente os fornecedores da companhia para comprovar que eles estavam cumprindo o sistema de garantia de qualidade da montadora.

O problema teria afetado, segundo a FAA, 178 aviões do modelo 737 Max.

A Boeing enfrenta uma grande crise de reputação, agravada pela recente publicação de mensagens internas de seus funcionários.

*Com agências

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