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Varejo surpreende em julho e tem maior alta desde a Black Friday

Segundo o IBGE, as vendas subiram 1%, bem acima do projetado pelo mercado (0,2%); o crescimento consistente, porém, ainda é dúvida, uma vez que o consumo é puxado pelos trabalhadores informais, com renda incerta

Bárbara Leite

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Vendas de supermercados e de hipermercados avançaram 1,3% em julho–Foto: Divulgação/IBGE

As vendas no varejo brasileiro surpreenderam em julho e cresceram 1%, na maior alta desde novembro de 2018 (3,2%), mês em que ocorreu a Black Friday–sexta-feira de descontos– e no melhor desempenho para o mês em seis anos, segundo informou nesta quarta-feira (11), o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

O aumento em julho, que veio bem acima do projetado pelos analistas ouvidos pela Bloomberg (0,2%), é o terceiro avanço mensal consecutivo, período em que as vendas acumularam elevação de 1,6%. Foi a melhor performance para meses de julho desde 2013. Em julho daquele ano, as vendas haviam aumentado 2,7%.

O IBGE revisou os números do comércio em junho, e agora eles mostram crescimento de 0,5%, contra acréscimo de 0,1% divulgado anteriormente. Os dados de maio também melhoraram, de estabilidade (0%) para alta de 0,1%.

Sete das oito atividades pesquisadas tiveram resultados positivos em julho, com destaque para os aumentos de hipermercados (1,3%), setor de maior peso, outros artigos de uso pessoal e doméstico (2,2%), que incluem vendas online, e móveis e eletrodomésticos (1,6%).

Queda dos juros e alta no emprego informal puxam vendas

O aumento na população ocupada e nas condições de crédito paras as famílias foram dois fatores que influenciaram a melhora nas vendas. “Mesmo que seja crescimento em postos informais, as pessoas passaram a trabalhar. Isso tem impacto nas vendas de hipermercados, que é uma atividade básica”, explica a gerente da pesquisa, Isabella Nunes.

Já o crescimento do comércio de móveis e eletrodomésticos tem relação direta com o acesso a crédito, estimulado pela redução dos juros. “São vendas que vão participar do orçamento das famílias por alguns meses. A concessão de crédito aumentou para pessoas físicas, então houve um estímulo para as vendas de bens duráveis”, diz Isabella.

“Houve melhoras generalizadas onde destacamos o crescimento de 1,6% de móveis e eletrodomésticos. O comércio varejista ampliado também subiu com o impulso de venda de materiais de construção”, avalia André Perfeito, economista-chefe da Necton.

Esperar para ver

Apesar do bom resultado em julho, e das revisões em alta em junho e maio, os economistas ainda não acreditam que o setor iniciou um crescimento sustentável.

Para Isabella, o perfil da inserção de pessoas no mercado de trabalho —com trabalhadores por conta própria ou na informalidade— ainda não garante um crescimento consistente no varejo.

“Para ganharem um novo patamar as vendas precisam que a renda do trabalhador aumente mais. E ela (a renda) se encontra estável nos últimos meses”, completou.

Com o resultado de julho, o patamar de vendas no setor varejista voltou a ficar próximo do de junho de 2015, mas ainda está 5,3% abaixo do nível recorde alcançado em outubro de 2014.

O número também ainda não é suficiente para mudar as projeções para o crescimento da economia.

“Essa divulgação foi inegavelmente positiva e deve ao menos levantar dúvida sobre projeções mais pessimistas de retração para a atividade no terceiro trimestre. Por enquanto, na espera de mais sinais que confirmem esse maior vigor da atividade econômica, mantemos nossa projeção de 0,1% para o PIB (Produto Interno Bruto, soma das riquezas produzidas em um país) do 3º trimestre e 0,8% para o PIB de 2019”, segundo Ronaldo Guimarães, sócio diretor do banco digital Modalmais.

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