Economia
Reino Unido e UE chegam a acordo para o Brexit
Anúncio foi feito pelo presidente da Comissão Europeia e pelo premiê britânico no Twitter; Boris Jonhson, porém, ainda precisa do aval do Parlamento britânico, onde enfrenta resistência
O premiê britânico Boris Johnson e Jean-Claude Juncker, presidente da Comissão Europeia, usaram o Twitter para comunicar, nesta quinta-feira (17) que finalmente a União Europeia (UE) e o Reino Unido chegaram a um acordo para o Brexit (saído do país do bloco europeu).
Juncker e Johnson aplaudiram o entendimento, mas o premiê ainda precisa que o Parlamento britânico dê aval ao novo acordo, depois de ter negado o anterior por três vezes, rejeições que levaram até à renúncia da antecessora de Jonhson, Theresa May.
“Onde há vontade, há acordo – temos um! É um acordo justo e equilibrado para a UE e para o Reino Unido e é uma prova do nosso compromisso para encontrar soluções. Recomendo que a Cúpula a aprove este acordo”, revelou Jean-Claude Juncker no Twitter.
O premiê britânico também foi à rede social informar sobre o acordo. “Temos um grande novo acordo que recupera o controlo”, revelou Boris Johnson em sua conta no Twitter, realçando que passa agora para as mãos do Parlamento britânico a aprovação do acordo no sábado para que “possamos avançar para outras prioridades como o custo de vida, o NHS [Serviço Nacional de Saúde], o crime violento e o nosso ambiente”, salientou.
O premiê diz que o “backstop”, um mecanismo criado para evitar a volta de uma fronteira física entre a Irlanda do Norte (que é parte da Grã Bretanha) e a República da Irlanda (que é um país independente que faz parte da União Europeia), foi abolido. “O povo da Irlanda do Norte ficará encarregado das leis em que vive e – (..) terá o direito de encerrar o acordo especial, se assim o desejar”, escreveu Johnson.
O premier britânico concordou em criar uma fronteira aduaneira no mar da Irlanda, abrindo mão dos controles alfandegários e regulatórios de produtos comercializados entre os britânicos e norte-irlandeses, o que May não queria.
Assim, a Irlanda do Norte fará parte, legalmente, do território alfandegário britânico e se beneficiaria de eventuais acordos comerciais negociados pelo Reino Unido após a saída da UE — uma demanda de Johnson. Na prática, entretanto, os norte-irlandeses ficariam dentro do mercado comum europeu e comprometidos com suas normas e tarifas.
Para May, essa solução enfraqueceria o mercado comum britânico.
Nas mãos do Parlamento britânico
O Parlamento britânico deverá votar o acordo no próximo sábado (19), o que poderá não ser simples. Para conseguir aprovar, Johnson tem de obter o apoio de parte (ou todos) dos 21 deputados que expulsou do grupo parlamentar “tories”, por terem votado contra o governo, apoiando a proibição da saída do Reino Unido sem acordo. Também vai precisar do apoio dos 10 parlamentares do Partido Democrático Unionista da Irlanda do Norte (DUP).
E tem ainda de convencer a ala mais eurocética do Partido Conservador (ERG), sendo que tanto o DUP como a ERG rejeitam a criação de uma fronteira aduaneira no Mar da Irlanda, precisamente a opção que permitiu desbloquear o impasse negocial.
Caso seja aprovado, o pacto permitirá que o Reino Unido finalmente saia do bloco europeu no dia 31 de outubro, prazo atual para o Brexit. Caso contrário, Johnson será legalmente obrigado a solicitar à UE uma terceira extensão para a data-limite do divórcio britânico, que passará para o dia 31 de janeiro.
Os mercados, que vêm sentindo os efeitos de um impasse britânico que se prolonga desde 2016, reagiram bem à notícia. Logo após o anúncio, a libra esterlina chegou a US$ 1,29, seu valor mais alto em cinco meses.
*Com agências