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No Brasil, 1% mais rico ganha 34 vezes mais do que a metade mais pobre

De acordo com a Pnad Contínua, no topo, o rendimento médio foi de R$ 27.744 em 2018; nos 50% menos favorecido, de R$ 820; diferença é recorde

Bárbara Leite

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Desigualdade econômica no país também é a maior desde o início da pesquisa do IBGE, em 2012–Foto: Divulgação

O rendimento médio mensal de trabalho da população 1% mais rica do Brasil foi quase 34 vezes maior que da metade mais pobre em 2018: a parcela de maior renda arrecadou R$ 27.744 por mês, em média, enquanto os 50% menos favorecidos ganharam R$ 820.

A conclusão é da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua) de 2018, divulgada nesta quarta-feira (16) pelo IBGE. A diferença entre os rendimentos obtidos pelos 1% mais ricos e os 50% mais pobres é recorde da série histórica, que começou em 2012.

Contribuíram para esse quadro o aumento de 8,4% na renda das pessoas mais ricas e as quedas (entre 0,8% a 3,2%) nos ganhos das classes que formam os 30% mais pobres, na comparação com 2017. 

“O rendimento do trabalho corresponde a aproximadamente três quartos do rendimento total das famílias. O mercado de trabalho em crise, onde as pessoas estão deixando seus empregos e indo trabalhar em outras ocupações, com salários mais baixos, provoca um impacto no rendimento total”, explicou a gerente da Pnad Contínua, Maria Lucia Vieira.

A pesquisa também mostrou que os 10% da população mais pobres detinham 0,8% do rendimento total, enquanto os 10% mais ricos concentravam 43,1%.

A média de rendimentos do trabalho do país, para pessoas de 14 anos ou mais, ficou em R$ 2.234, acima do valor inicial da série em 2012 (R$ 2.133), mas abaixo do registrado em 2014, que foi de R$ 2.279. No Nordeste, o rendimento médio era de R$ 1.479, enquanto no Sudeste, chegou a R$ 2.572.

Desigualdade recorde

O índice de Gini, que mede concentração e desigualdade econômica, indo de 0 (máxima igualdade) até 1 (máxima desigualdade), chegou a 0,509 em 2018, para rendimentos de trabalho, o maior da história.

O indicador era de 0,508 no Brasil em 2012, depois diminuiu para 0,494 em 2015 e voltou a subir. “Essas variações no índice de Gini têm muito a ver com as flutuações na renda dos mais ricos”, comentou a analista do IBGE, Adriana Beringuy.

Esse aumento na desigualdade, porém, não foi uniforme no país. No Nordeste, o índice caiu de 0,531 em 2017 para 0,520 em 2018. “No Sudeste, o 1% com maiores rendimentos de trabalho cresceu 17,8%. Nesse mesmo período, no Nordeste, o 1% mais rico teve queda de 16,5%. Então, a redução na desigualdade no Nordeste está mais relacionada à queda nos rendimentos de trabalho dos mais ricos, do que numa melhoria nas condições de vida dos mais pobres”, disse Adriana.

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