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Guerra comercial faz empresas dos EUA saírem da China, mas Brasil não está nos planos

Escalada tarifária leva executivos de multinacionais americanas a planejar transferir, ao menos, parte da produção para fora do país asiático

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Exportações americanas e chinesas sofrem neste domingo mais taxação-Foto: Reprodução

A guerra comercial entre EUA e China, que tem uma nova escalada neste domingo (1º), já está levando várias multinacionais americanas a planejarem deixar de produzir, ao menos, uma parte no país asiático e deslocar a sua produção para outras nações, mas o Brasil não está nos planos de investimento dessas companhias.

As empresas estão procurando transferir a produção para países com menor probabilidade de serem atingidos pela tarifas impostas por Donald Trump. A Apple já teria solicitado estudos para avaliar os custos da mudança entre 15% e 30% de sua capacidade de produção da China para países do sudeste da Ásia, como Vietnã, Indonésia, Malásia e Taiwan. Isso ocorre porque seus relógios inteligentes e fones de ouvido sem fio AirPod agora pagam uma tarifa de 15% quando chegam ao mercado americano, e um imposto sobre o iPhone pode entrar em vigor em 15 de dezembro.

Os fabricantes de computadores HP e Dell planejam transferir até 30% de sua produção de notebooks para fora da China. O Google vai deve passar a produzir seu smartphone Pixel, que é o quinto mais vendido nos EUA, para o Vietnã.

“Não conheço um único fornecedor que não esteja mudando a fabricação para fora da China”, disse o vice-presidente executivo da Home Depot, Ted Decker, a investidores em 20 de agosto.

Dada a proximidade com a China países do sudeste asiático têm atraído a atenção das empresas nos últimos meses como possíveis destinos alternativos. Mas a escassez de mão de obra e cadeia de suprimentos insuficiente nesses locais é um entrave aos planos de mudança.

A China ainda representa cerca de 25% de todos os produtos manufaturados em todo o mundo – em parte devido à dificuldade de encontrar uma força de trabalho suficiente nas fábricas de outros países.

Vietnã-maior beneficiário da guerra comercial

Nesse contexto, o Vietnã está sendo o maior beneficiário do agravamento da guerra comercial entre os EUA e a China. A varejista de roupas Chico, a fabricante de fragrâncias Sensient Technologies, a fornecedora de autopeças Genuine Parts Company e a fabricante de máquinas industriais Ingersoll-Rand indicaram no mês passado que estavam buscando um aumento da produção no Vietnã.

E isso já está veio refletido nos dados econômicos divulgados recentemente. A economia do Vietnã cresceu 6,7% no segundo trimestre de 2019, superando o crescimento de 6,2% da China. No mesmo período, a economia do Brasil avançou apenas 1%.

México, Índia e volta aos EUA

O México e Índia também estão surgindo como alternativas. Além disso, muitas empresas já começam a deslocar parte da produção na China de volta para os EUA, antes mesmo do presidente americano ter exigido, na semana passada, que elas deixem o país asiático e retornem ao país.

“Estamos vendo grandes oportunidades no Vietnã, Índia e outros territórios como o México. Estamos fazendo ainda mais nos EUA. Trouxemos o Play-Doh de volta aos EUA no ano passado”, disse o presidente executivo (CEO) da fabricante de brinquedos Hasbro, Brian Goldner, à CNBC.

O México já atraiu as americanas Juniper Networks e Microchip Techology, ajudando a compensar os custos com a imposição de novas tarifas.

A Cooper Tire & Rubber já está fabricando mais pneus no México e nos EUA.

A Carter’s, empresa de roupas infantis com sede em Atlanta, acelerou sua mudança de produção da China para os EUA, de 26% no ano passado para 20% neste ano.

A empresa de cosméticos L Brands também passou a transferir sua produção da China para o mercado americano.

Nova etapa deve começar a bater no bolso do americano

Começou neste domingo (1º) uma nova etapa da guerra comercial, que teve início em janeiro de 2018, com Trump taxando máquinas de lavar e painéis solares importados para proteger os produtores dos EUA.

Nesta nova fase, um total de US$ 112 bilhões em produtos chineses agora vão pagar 15% de taxas para ser comercializadas nos EUA, em vez dos anteriores 10%. Estão incluídas roupas, fraldas, café, etanol, carnes e queijos. Do lado chinês, serão impostas tarifas sobre US $ 75 bilhões em mercadorias americanas, como cosméticos, vodka, diamantes e vídeo games.

O banco JPMorgan estima que o aumento das tarifa, agora em setembro, possa custar US $ 1 mil (R$ 4.140) a cada família americana.

Até agora já foram duas rodadas de aumento de tarifas nos EUA e respectiva retaliação chinesa. Mas as novas tarifas, juntamente com outra rodada que foi adiada até 15 de dezembro, são diferentes das que vieram antes, de acordo com Aditya Bhave, economista global do Bank of America Merrill Lynch. “Nas rodadas anteriores de tarifas, houve claramente uma tentativa de ficar longe de bens de consumo “, disse Bhave. As novas tarifas, diz, também atingirão fortemente a China.

*Com informações da CNBC e CNN

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