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Argentina vai às urnas neste domingo: entenda por que a esquerda deve voltar ao poder

Em meio a uma crise econômica, 33,8 milhões de argentinos vão escolher o novo presidente da República; o candidato peronista Alberto Fernández lidera as pesquisas contra o liberal Mauricio Macri, que tenta a reeleição

Redação

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Mauricio Macri (à esq.) e Alberto Fernández: voto de confiança ou alternância do poder–Foto: Reprodução

Em plena crise econômica, 33,8 milhões de argentinos devem ir às urnas neste domingo (27) para escolher o presidente e o vice para os próximos quatro anos. As últimas pesquisas de intenções de voto revelam que a chapa Frente de Todos, considerada de esquerda no espectro político, de Alberto Fernández, que tem Cristina Kirchner como sua vice, devem ganhar a eleição já neste primeiro turno, tirando o liberal Mauricio Macri da Presidência.

Na pesquisa da consultoria Federico González e Associados, Fernández aparece com 54% das intenções de voto e Macri com 31,5%. A pesquisa da Ricardo Rouvier e Associados aponta o kirchnerista com 52,3% e Macri com 34,3%. As últimas pesquisas foram divulgadas na sexta-feira (18), data limite segundo a lei eleitoral argentina.

Na Argentina, é necessário ter 45% ou 40% dos votos e dez pontos de vantagem em relação ao segundo colocado para que o presidente seja eleito. Um eventual segundo turno será realizado no dia 24 de novembro e o novo governo assumirá dia 10 de dezembro.

Favorito para vencer a disputa, o peronista de centro-esquerda Fernández ainda não deu detalhes sobre o seu plano econômico nem indicações de quem vai compor a sua equipe econômica.

Além da eleição para presidente, neste domingo serão renovados metade dos assentos (130) da Câmara dos Deputados e um terço das cadeiras do Senado (24).

Haverá ainda eleições para governador em seis províncias, que mantiveram o cronograma eleitoral atrelado ao nacional. Neste ano, 16 províncias já tiveram eleições. Macri perdeu na maioria delas.

Por que Macri deve perder para Fernández e Cristina?

Na era Macri, a Argentina mergulhou em uma forte crise, a economia encolheu e os argentinos ficaram mais pobres, algo que parecia improvável quatro anos atrás.

1. Inflação dispara

Um dos maiores impactos para os argentinos nesse período foi a inflação. A taxa anual passou de 18,7%, em 2015, para 53,5% atuais, com perspectiva de encerrar o ano em 55%. Desde que Macri assumiu até setembro deste ano, a inflação acumulada chega a 268,5%.

A alta se deu por conta do ajuste fiscal de Macri, para equilibrar as contas públicas, que levou ao fim dos subsídios ao gás, luz e transporte. Com isso, as tarifas públicas foram reajustadas em 1.300%. Além disso, o aumento dos preços acelerou com a desvalorização do peso, que encareceu produtos e insumos importados.

Inflação: 18,7% (2015) vs 53,5% (2019)

2. Peso despenca

Desde que Macri assumiu, o peso despencou. O peso passou de US$ 9,75, em 10 de dezembro de 2015, para US$ 59,45 (na sexta-feira) no câmbio oficial. Só neste ano, o peso se depreciou 57% em relação ao dólar. O governo ainda gastou US$ 1,755 bilhão das reservas internacionais para evitar uma depreciação ainda mais acentuada.

Peso: US$ 9,75 (2015) vs US$ 59,45 (2019)

3. Pobreza aumenta

Nos quatro anos de Macri, a pobreza aumentou e atinge 35,4% da população ou 15 milhões de pessoas. Em 2015, o índice estava em 32,2%. Os dados do Instituto Nacional de Estatística também revelam que 7,7% dos 45 milhões de argentinos são indigentes, e que 50% dos menores de idade, um em cada dois, vivem na pobreza.

Pobreza: 32,2% da população (2015) vs 35,4% (2019)

4. Desemprego tem salto

O desemprego passou de 6,5% da força de trabalho, em 2015, para 9,9%, e a renda per capital encolheu de US$ 14.900 para US$ 10.600. O maior problema do país é o subemprego, um total de 49% têm vagas informais, de baixa qualidade.

Taxa de desemprego: 6,5% (2015) vs 9,9% (2019)

5. PIB encolhe

Em 2015, a Argentina teve sua maior taxa de crescimento econômico, de 2,7% dos últimos quatro anos. Recuou 2,1% no ano seguinte, voltou a subir 2,7% em 2017 e, no ano passado, o Produto Interno Bruto (PIB, soma das riquezas produzidas em um país) caiu 2,5%. Macri entregará o país em recessão, com queda de 1,2%, segundo o Fundo Monetário Internacional (FMI), a quem o país deve os US$ 57 bilhões em ajuda financeira acertada em 2018. Em quatro anos, a economia argentina encolheu US$ 164 bilhões e chega a estas eleições totalizando US$ 478 bilhões– um quarto do brasileiro. As estimativas do FMI preveem que a economia do país encolha até 2,9% neste ano.

PIB: 2,7% (2015) vs -2,9%* (2019) *estimativa fim do ano

6. País mais endividado

Para financiar o déficit público, o governo Macri recorreu ao financiamento externo. Mas esse processo levou ao aumento do déficit em conta corrente – o resultado das transações de bens, serviços e rendas com o exterior – e à explosão da dívida. Hoje a dívida é de 75,9% do PIB, contra 52,6%, em 2015, segundo o Ministério da Fazenda argentino.

Dívida Pública: 52,6% do PIB (2015) vs 75,9% (2019)

*Com Valor.com e Veja.com

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