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Ações? Imóveis? Contas digitais? Saiba onde investir com a Selic a 6%

Especialistas indicam quais aplicações financeiras devem ser escolhidas após a redução do juro básico para novo piso histórico

Bárbara Leite

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Mercado de ações precisa de conhecimento-Foto: Reprodução

A decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC), desta quarta-feira (31), que cortou a taxa básica de juros, a Selic, de 6,50% para 6% ao ano, aumentou o desafio para se ganhar dinheiro no Brasil. O rendimento de investimentos em renda fixa, como poupança, fundos DI, CDBs (Certificado de Depósitos Bancário) ou Tesouro Selic, agora mal vai ficar acima da inflação.

Na caderneta, por exemplo, o ganho caiu de 0,37% ao mês (ou 4,55% ao ano), com a Selic anterior, para 0,34% (ou 4,20% ao ano), bem próximo do que deve ficar a inflação oficial (3,60%) em 2019.

A tarefa ficará ainda mais desafiadora, uma vez que o Copom abriu a porta para novos cortes na taxa, que pode recuar a 5% no fim do ano. Ou seja, na prática, o juro será de apenas 1%, já descontada a inflação.

O Economia Bárbara ouviu especialistas para apontar as melhores aplicações financeiras no novo cenário e a dica para o investidor é que ele deve seguir o método OAED: organizar, arriscar, estudar e diversificar.

Organizar

Antes de pensar onde colocar dinheiro em busca de uma rentabilidade maior, o investidor deve “se preocupar muito em organizar as finanças pessoais”, recomenda Sandro Bonfim, superintendente de produtos da Brasilprev, empresa de previdência privada do Banco do Brasil.

O passo seguinte é saber a finalidade desse recurso. “Qual é o meu perfil? Vou precisar desse dinheiro para daqui a um ano? Ou daqui a dois? O investidor terá de responder a essas questões antes de escolher o melhor investimento”, segundo a educadora financeira Cíntia Senna.

Arriscar

Com o juro básico no menor patamar da história, até o mais conservador dos investidores precisa adicionar mais risco à sua carteira de ativos, seja na própria renda fixa ou caminhando para a Bolsa, o mercado de ações.

Renda fixa: para quem ainda não quer se arriscar muito, há papéis dentro da própria renda fixa com maior risco, que podem dar um retorno mais elevado, diante da nova Selic. É o caso dos chamados prefixados, como Tesouro IPCA, um título do governo brasileiro vendido dentro da plataforma do Tesouro Direto, que acompanha a variação da inflação. Eles ganham dos pós-fixados, papéis cuja remuneração acompanha a Selic ou o CDI, como o CDB ou o Tesouro Selic.

“No Tesouro Direto, o investidor pode trocar o Tesouro Selic pelo Tesouro IPCA, que rende a inflação mais uma taxa fixa. Também um CDB acima de 100% de liquidez, com taxas pré fixadas, pode ser outra opção, que rende mais que os 6% da Selic”, orienta Cíntia.

São considerados mais arriscados os prefixados porque o investidor pode perder dinheiro em caso de alta de juros após a compra, o que não ocorre com um pós-fixado. Por outro lado, em caso de queda dos juros, como é a tendência esperada daqui para a frente, o prefixado se valoriza.

Para investir no Tesouro Direto, é preciso contratar uma corretora (escolha as que não cobram taxas de custódia). A aplicação paga Imposto de Renda (IR) e uma taxa de 0,25% para a Bolsa, a B3.

Ações: O momento pede que se arrisque uma parte do dinheiro no mercado de ações, a chamada renda variável, que, como o próprio nome indica, varia, oscila, sem dar um ganho garantido. “O investidor comprometido com o médio- longo prazo precisa buscar investimentos mais sofisticados, como a Bolsa, e não adianta entrar e sair. Essa estratégia só gera prejuízo. É preciso pensar no longo prazo”, afirma Bonfim.

Para Filipe Medeiros, sócio-fundador do Mais Retorno, plataforma de investimento e educação financeira, o recomendado é colocar entre 5% e 10% do patrimônio na Bolsa brasileira.

Fundos de ações e de multimercados: Para quem não quer “saltar” de imediato da renda fixa para o mercado de ações, há opções de investimento intermediárias, como os fundos de ações (que investem no mínimo 67% dos recursos em ações ou em papéis cotados na Bolsa) e os multimercados (que investem em vários produtos diferentes, tanto de renda fixa quanto de variável).

“O primeiro passo podem ser os fundos de ações”, afirma Medeiros. Bonfim cita também os multimercados. Nos dois casos, dizem, a vantagem é que o não estará sozinho e terá um gestor profissional que sabe melhor aplicar a renda no mercado por trás. “Ficar na renda fixa só vai proteger o investidor da inflação. Será preciso arriscar”, alerta o sócio do Mais Retorno.

Fundos de investimento imobiliário: Outra aplicação mais arriscada, que pode somar uma rentabilidade mais forte maior, no novo cenário, é o fundo de investimento imobiliário.

“O investidor pode aproveitar este momento para apreender novas possibilidade de investir, por exemplo, em fundos de investimento imobiliário”, cita a educadora financeira.

Segundo ela, neste tipo de fundo, o cotista pode optar por receber uma espécie de “um aluguel” mensal, que tem ficado entre 0,6% e 0,7% ao mês. Segundo Medeiros, esse ganho tem sido superior aos cerca de 0,3% a 0,4%, que tem conseguindo quem investe diretamente em imóveis para alugar.

Estudar

“Entrar” em ativos com maior risco vai implicar que o investidor conheça melhor o mercado financeiro. Para Medeiros, “é preciso estudar o básico para sair da renda fixa para a Bolsa”. “Investir em risco pede mais do que apenas supor”, recorda o superintendente da Brasilprev.

Cíntia lembra que o mercado acionário tem mais de 400 empresas:”Eu não vou lá e compro uma ação aleatoriamente”. A escolha exige conhecimento e pode recair, diz, por uma ação de uma empresa que pague dividendos (distribuição e parte do lucro pelos acionistas), por exemplo.

Em tese, ações de companhias impactadas positivamente pela queda dos juros têm maior potencial para se valorizarem, como concessões rodoviárias, energia, shoppings ou do setor imobiliário, mas não há garantias. Afinal, é a renda variável.

Diversificar

Apesar do novo portfólio necessitar de ativos de maior risco, a diversificação dos papéis, ou seja, distribuir os recursos por vários tipos de investimentos, continua valendo.

Contas digitais: Segundo a educadora financeira, as contas em fintechs, que oferecem uma remuneração nos depósitos, podem ser uma alternativa para quem não quer nem deixar uma parte do dinheiro na poupança. No Nubank, a Nuconta paga 6% ao ano, cita.

Poupança: Já a mal falada caderneta da poupança ainda pode ser a saída para os ultraconservadores, que precisem de criar uma “reserva estratégica”, para emergências ou imprevistos, como desemprego e doenças. “É opção somente para quem quando não foca no retorno. Apenas não quer deixar o dinheiro parado”, diz a educadora financeira.

Cálculos de Miguel de Oliveira, vice-presidente de Estudos e Pesquisas da Anefac (Associação dos Executivos de Finanças), dão conta que a caderneta, mesmo com a Selic a 6%, é mais vantajosa que fundos de investimentos com taxa de administração maior que 1% e prazo de resgate de até um ano.

Ao contrário dos fundos, a poupança é isenta de Imposto de Renda (IR). Para quem tem até R$ 10 mil, a caderneta pode ser o investimento acertado, de acordo com Oliveira.

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